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Universos Assimétricos

Uma História de Agressão

30.9.09

Best of... Setembro de 2008 


Um som terrível no escuro

Nesse Setembro de 75, dois jovens portugueses, colegas de profissão, aproveitavam as férias e um Dyane comprado há pouco para espraiarem a liberdade por paragens além-fronteiras. Levavam uma tenda canadiana e acampavam onde calhava. Viajavam ao sabor dos acontecimentos, confiados nas benevolências do acaso.

Em Vitória, já país basco, a notícia do dia era a morte de mais um «carabinero». Pressentindo a morte iminente de Franco, os separatistas da ETA intensificavam o número de atentados.

Petiscaram num bar e voltaram à estrada procurando um local para acampar. Uns quilómetros à frente, encontraram um terreno plano ao lado da estrada e entraram. Ainda de faróis acesos e motor a trabalhar, foram rapidamente cercados por vários guardas que iam a passar em dois jipes. Tentaram explicar-se em espanhol, mas, ou porque falassem suficientemente bem a língua, ou porque a matrícula começava pelas mesmas letras que as de Burgos, ou pela ideia apetecível aos militares de que tinham apanhado dois terroristas, não estava a ser fácil convencê-los da origem lisboeta dos intrusos.

Nisto, chegaram mais guardas comandados por um graduado. Estes, nem dúvidas tiveram. Ao verem aquele aparato, saltaram dos jipes em atitude de grande sanha bélica e, sem darem tempo a qualquer explicação, gritaram que os suspeitos saíssem do carro. Tensos. Os jovens saíram, ofuscados pela luz forte dos faróis, para logo ouvirem ordens de «manos en el aire!», quase abafadas pelo matraquear metálico de muitas culatras puxadas atrás.

Quem vos conta isto levantou as mãos lentamente, virou-se e apoiou-as no carro, rodando o rosto para o lado contrário ao dos guardas, para que nem o olhar pudesse fornecer qualquer pretexto ao nervosismo revanchista dos carabineiros. Durante uma eternidade de segundos, esperou ser trespassado, se não por um sem-número de balas à queima-roupa, com certeza por aquela que só obedece ao diabo e que é disparada até pelas espingardas descarregadas.

posted by perplexo  # 23:08

25.9.09

Não é agora, mas… 


É bizarro que os Portugueses continuem a entregar o poder aos mesmos partidos, eleição após eleição, e, governo após governo, sejam desapossados de poder de compra, direitos laborais e de cidadania, se lamentem, mas continuem a votar nos mesmos, década após década. E, no entanto, existem partidos alternativos realmente honestos e trabalhadores, que há décadas se esforçam na defesa dos desapossados, mas que são mantidos afastados da governação por preconceitos idiotas e propaganda maldosa.

Os partidos de Novembro têm entregue os sectores produtivos aos interesses de poucos, muitos deles estrangeiros. As grandes empresas que dantes eram públicas, agora são inimigas dos cidadãos, esganando-os a favor dos accionistas. Os bancos, essas entidades inúteis, sugam os proventos dos nossos compatriotas, com o encorajamento dos tais partidos de Novembro que se mantêm indefinidamente na governação. É mais do que tempo de os substituir por partidos de Abril, que ponham os sectores produtivos e/ou estratégicos ao serviço do nosso país e dos seus cidadãos e não só dos accionistas estrangeiros.

É mais do que tempo, sim, mas sei que, mais uma vez, vamos ter que gramar com os testas-de-ferro do capital sem pátria, não com o meu voto, mas com o da inércia das mentalidades. O meu voto servirá para – imperceptível mas inequivocamente – empurrar os partidos de Novembro para o redil histórico dos desumanizados.

10.9.09

As boas opções 


Há anos, foi surpreendente saber que algumas autarquias algarvias estavam a fazer acordos com o sistema de saúde de Cuba para que os seus munícipes com necessidades de tratamento oftalmológico aí fossem tratados, já que o nosso sistema de saúde não dava resposta. Há dias, tomei conhecimento que esse fluxo de doentes era contínuo, pelo que algumas autarquias estavam a renovar os acordos anteriores.
Isto é, um país que há quase 50 anos é vítima de um embargo criminoso por parte dos Estados Unidos, não só tem sobrevivido como se vai mostrando pujante nas áreas necessárias às pessoas.
Ali bem perto, os Estados Unidos investem biliões em guerras de extermínio de outros povos, enquanto deixam 50 milhões dos seus cidadãos sem qualquer acesso a cuidados de saúde, coisa que o Obama anda a tentar alterar, mas que lhe está a dar «água pela barba». Os seus concidadãos preferem gastar o dinheiro a guerrear os outros povos. Aquilo é um país totalmente alienado.
Eu, e muitos outros, ficamos deslumbrados com os efeitos especiais de muitos filmes que nos chegam de Hollywood, mas na hora das necessidades de saúde, que rumo preferíamos que o sistema político tivesse tomado: o do entretenimento ou o do esforço?; o da propaganda sem conteúdo ou o do trabalho humilde em prol das pessoas?

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