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Universos Assimétricos

Uma História de Agressão

25.4.06

Monumento ao 25 de Abril ... O 

Cutileiro, Monumento ao 25 de Abril


Perante uma obra de arte, cada observador faz dela uma leitura diferente, o que atesta a multiplicidade de sentidos que as obras de arte, geralmente, têm, mas que também reflecte a diversidade de cultura, de aspirações e de concepção do mundo de cada observador.
Perante o monumento de João Cutileiro colocado no alto do Parque Eduardo VII, muita coisa já se disse. Muitas observações esboçam um sorriso condescendente pela marotice que a escultura parece representar, outras mostram revolta pela ordinarice que lá lêem, ou pela boçalização dum acontecimento com a pureza que é atribuída ao 25 de Abril.

O que o artista quis transmitir, não sei. O que eu vejo é uma crítica violenta e desencantada ao processo começado em 25 de Abril.
Todos falam do pénis, do pirilau, do falo. Eu também vejo um membro masculino, mas tão frouxo, tão impotente, tão pequeno, que mais se deve falar em pilinha. Não vejo um erecto e túrgido símbolo masculino pronto a lançar um jorro de sémen fertilizador. Vejo uma erecção diminuta, que mal sai do escroto, sustentada artificialmente por espeques, escorrendo uma aguadilha. Talvez seja mijo, o que podia configurar a leitura de que o 25 de Abril não passou de «tesão do mijo».

Em frente está um cravo. Parece um ninho de cegonha, mas é um cravo, sem dúvida: tem um cálice verde e pétalas. Mas são pétalas que foram esmagadas a partir de cima. O cravo foi esmagado. (Regado a mijo também não ia longe).

O monumento implantou-se no local onde existia um pequeno pedestal. O pedestal foi semi-desmoronado para ilustrar a velha ordem que o 25 de Abril queria derrubar.
O que o 25 de Abril queria construir está ilustrado por duas elegantes e pouco pretensiosas colunas, mas como se vê, foram quebradas durante a construção.

Todo o monumento se lê como: escombros. O 25 de Abril não teve tempo para construir um novo edifício nacional ou quem liderava não teve tomates, não teve vontade, não teve pujança eréctil para levar a Revolução mais longe. O cravo foi esmagado, as colunas partidas. De antigo, só se derrubou um pequeno pedestal. Sobranceiros, lá se mantêm intactos os majestosos pilares do Estado Novo, poderosos, eternos!

posted by perplexo  # 00:44
Comments:
Chuac-Quack LIVRE! *
 
Excelente leitura de um monumento em que ninguém fala...
Um abraço nesta data Libertadora !
 
É uma leitura possível. Pessoalmente é uma escultura que nunca me mereceu atenção. Mas não é a única obra de arte -e neste caso ainda estamos a falar de um Cutileiro, que não me merece comentários ou análises plásticas; as autarquias compram centenas (senão milhares, passe o eventual exagero, mas não há levantamentos sobre o assunto) de obras, sem qualquer conhecimento de causa (leia-se da sua qualidade), sendo que uma boa parte das mesmas, jazem em locais impróprios para o armazenamento das mesmas. Este é um dos circuitos comerciais da arte?! em Portugal. Falar sobre isto dá-me vontade de vomitar.
 
Olha pá disseste não por linhas tortas mas por pilas tortas, o que muitos talvez queiram dizer por qualquer coisa direita. Tu dizes que foi o tesão do mijo, é natural, tudo se passou de madrugada, na primeira mijadela.
Eu tenho o hábito de dizer que foi um filme onde se escreveu o guião depois das filmagens. Eu estive lá e vi, não me venham contar o que eu não vi.
Um abraço. Augusto
 
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
 
Partilho esta opinião. Citei o último parágrafo em http://xuaxo.blogspot.com/2007/04/25-de-abril-revoluo-falhada.html e em http://www.trekearth.com/gallery/photo631974.htm
Francisco
 
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