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Universos Assimétricos

Uma História de Agressão

2.6.06

Desorientação sem desnorte 


Nos meus passeios ou viagens, visito com frequência os museus da zona. E gosto de trazer, pelo menos, um postal, como estimulador futuro da memória dessa visita. Mas nem sempre é fácil trazer essa lembrança. É certo que tenho tendência a afeiçoar-me a uma imagem que não é «gosto maioritário» e logo não foi contemplada na escassa selecção de edição de postais. E nestes, geralmente, verifica-se o que diz Lima de Freitas: as edições são pequenas, esgotam rapidamente e depois passam-se anos até voltarem a ser impressas. É confrangedor, especialmente para um tempo em que os museus precisam de entrada de verbas como do pão para a boca, numa área onde a venda de gadgets pode representar entrada de somas não despiciendas.

«…há um ror de anos que pouco mais se descobre, nas vitrinas sumárias, que uma meia dúzia de postais, rapidamente esgotados (…) Não iria, por certo, sonhar com esses verdadeiros armazéns de vendas do Louvre ou do Prado (…) onde os volumes luxuosos assustadoramente perfeitos (…) onde também encontramos ao milheiro, à tonelada, o mesmo em formato de bolso, em várias línguas, ou em álacres exércitos de postais, de estampas de todos os tamanhos (…). E Portugal?
Pois bem, em Portugal ninguém tem tempo para tais coisas, quer lhes chamemos instrumentos de cultura ou produtos da indústria livreira, fonte de receitas e divisas ou objectos de deleite, consoante a tineta de cada um; e mesmo se, por absurdo, houvesse tempo para semelhantes actividades editoriais, por parte de particulares ou por parte do Estado, nada aconteceria ainda, simplesmente porque “não há verba”».
Lima de Freitas – 1992

Teixeira Lopes, A viúva


Outra barbaridade, que não se entende, é a impressão de imagens rodadas horizontalmente (imagem de espelho), quer em postais, quer em livros, escolares ou não. Que não são tão raras como isso.

Esta, adquirida em postal há meia dúzia de anos, é a imagem de espelho da espantosa escultura naturalística de Teixeira Lopes, A viúva, de 1893.

Ainda pensei que se tratassem de toscas tentativas de proteger direitos de imagem genuína, mas já me informaram que se trata apenas daquelas pequenas faltas de rigor em que Portugal é fértil. Não sei se a incompetência é do gráfico e da sua hipotética negligência ou se é do responsável por indicações claras ao gráfico e sua hipotética abstenção.

Como se fosse indiferente que uma figura esteja a olhar para a esquerda ou a olhar para a direita! Como se a cultura ocidental e o estruturante sentido de leitura da esquerda para a direita não determinasse significados distintos, conforme essa orientação!

posted by perplexo  # 23:16
Comments:
Todos nós na Sinfonia Opus Zero sonós de diferentes áreas das Artes: Música, Design Gráfico e Teatro.
Afinal...
 
Efectivamente, constata-se que o autor deste espaço não é especialista em fotografia nem português.
Aquilo que realmente aconteceu foi que o fotógrafo, não tendo espaço de recuo para fotografar a peça por inteiro, usou o truque de a fotografar através de um espelho, conseguindo assim a imagem por inteiro.
E mais falatria que no laboratório se fosse imprimir o negativo do avesso, que isso é um sacrilégio!
 
Já estam abertas as inscrições para o jantar de homenagem ao Fernando no meu blog, por favor ajuda a divulgar.
Um abraço. Augusto
 
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