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Universos Assimétricos

Uma História de Agressão

27.1.08

Hollywood ao ataque 


A indústria cinematográfica é – tem sido – uma das grandes ferramentas de propaganda, talvez a maior, do modo de pensar americano. Exalta a história americana, desde a epopeia (cá está!) da conquista do Oeste, aos feitos da II Grande Guerra ou, mais recentemente, contra os soviéticos e outros eleitos para passarem por maus. Divulga os valores americanos através da ficção que mostra a interacção das personagens dos seus filmes. Mostrar é divulgar, divulgar é promover, promover é enaltecer, enaltecer é dar para exemplo a ser copiado. Foi assim que nos habituámos a ver os vilões dos filmes como vilões da realidade, que nos habituámos a vibrar com as habilidades espertíssimas dos agentes secretos americanos, apesar de deixarem os locais por onde passavam pejados de cadáveres, que nos habituámos a aceitar a resposta física violenta e o uso de armas como reacção aos desentendimentos.

Aparentemente, Hollywood está a começar a dar uma mãozinha ao regime, tentando talvez minorar a sua descredibilização que Bush acelerou. Não estranho esta atitude dos patrões de Hollywood. O mesmo não posso dizer de alguns realizadores e actores que considerava:
- Há tempos fui ver «Peões em jogo» e fiquei varado ao ver a personagem de Robert Redford a incentivar e a convencer alunos universitários a fazerem algo pelo seu país – irem lutar no Afeganistão – quando estão pouco motivados pelos estudos. E era como causa defendida e não como crítica.
- Há umas semanas fui ver o filme «Censurado». A sinopse parecia apontar para a censura exercida sobre a divulgação do que verdadeiramente se passa no Iraque. O título é um equívoco. Trata do episódio a que já me referi em 08/07/06 «que envolveu uma violação e quatro homicídios de civis, incluindo a execução de uma criança de 5 anos», mas fá-lo de maneira tão anódina que quase não se sente revolta por estes actos bárbaros. Os actores são maus, pouco convincentes. Quase não se dá pela tal censura que o título promete. Tudo acaba com a ideia que nem todos os soldados americanos no Iraque são de baixa extracção moral e, talvez, até fique a compreensão de que, coitados, estão sob grande pressão…
- Numa entrevista na televisão, sobre o filme «Detenção secreta», ouvi Meryl Streep dizer que, meditando sobre o assunto, chegou à conclusão que se a tortura de um suspeito de terrorismo evitar milhares de mortos, então acha a tortura aceitável.

O argumento é antigo. É o argumento utilizado pela América para justificar o lançamento de duas bombas atómicas sobre o Japão em 1945. É o argumento da quantidade e do mal menor. E, claro, é um argumento perigoso. É um argumento que permite ignorar todos os princípios humanitários, ou seja, é o caminho para a barbárie.

Gostaria de saber o que é que ela acha desta frase emblemática na t-shirt do Zé Pedro, dos Xutos e Pontapés! Estou convencido que não passa duma palavra de ordem radical destinada ao ambiente rebelde dum concerto da banda. Mas está em sintonia com o esquema mental de Meryl Streep – sacrificar 1 para salvar milhares.


posted by perplexo  # 23:05
Comments:
Seria um pouco lunático da nossa parte, desejarmos que os americanos se incriminassem uns aos outros. Aproveitam da melhor maneira a máquina de propaganda que têm, o cinema. O seu sucesso não se deve a eles, mas aos que consomem o americanismo.
Um abraço. Augusto
 
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