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(no Parque Eduardo VII)
Outro alguém optou por iniciar a tarefa fácil, mesquinha de a desagregar e devolver ao informe.
Que mente doentia, que espírito atormentado, que alma putrefacta é que enceta a actividade de mutilar e desfigurar uma escultura em pedra tão simples e majestosa como esta?
Cultura da novidade
Ok, a escultura acima não é das melhores obras que a Humanidade já produziu mas, ainda que fosse a mais aberrante, ninguém tem o direito a alterá-la, e, desde o momento em que ela foi entregue ao público e se tornou bem cultural colectivo, nem mesmo o artista que a concebeu.
E quanto alguns querem alterar a sua obra! É paradigmática a história dum pintor francês que, tendo uma obra sua num museu importante, mas estando descontente com um determinado matiz que tinha usado, conseguiu a colaboração de um amigo para entreter o vigilante, enquanto pincelava rapidamente a zona em causa com um matiz que achava mais adequado.
Esta escultura foi adulterada e é curioso que essa alteração lhe acrescentou significados. Já não representa só uma virtude ou uma deusa, representa agora também a maneira como esta sociedade lida com as suas obras de arte expostas e o que isso significa de divórcio em relação à arte tradicional e de desrespeito pelo espaço público e pelo outro. Ou o que era uma entidade majestosa e poderosa se ter transformado em vítima impotente. Ou outros sentimentos que nos acodem ao ver esta figura mutilada. É toda uma outra obra de arte que temos perante nós. Que algum artista plástico podia ter concebido, assim mesmo, mutilada. Como no século XIX se construíam ruínas de raiz.
Neste sentido, pode-se questionar se se deve devolver a estátua à sua forma original. Tenho a certeza que se houvesse discussão pública sobre este assunto haveria quem defendesse a manutenção do estado actual da obra. Assim, como está, transmite muito mais da sua história como escultura e da história desta sociedade.
Significa isto que se pode desculpar quem vandaliza esculturas no espaço público? Nem um bocadinho! E é condenável alguma cultura existente de repúdio pelo que está para trás, pela cultura dos pais e dos avós, só porque tem umas dezenas de anos, pelo património, só porque apresenta alguma pátina que o tempo dá.
É sintomático que se estejam a substituir as esculturas em pedra no espaço público por esculturas em bronze e aço. A ver se resistem aos activos interventores de espaço público que por aí obram.
É que, além do mais, não é necessário mais do que 1 monumento ao vandalismo na mesma cidade!
Agora, há uns carritos pequeninos que cabem em qualquer fracção de lugar de estacionamento. São tão curtos que estacionam de frente em estacionamentos longitudinais. Eles saem sempre bem, o que não se pode dizer dos outros que, tantas vezes, ficam literalmente bloqueados.
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