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Universos Assimétricos

Uma História de Agressão

20.6.08

Eu também sou um grande mentiroso! 


Os leitores estão sempre dispostos a acreditar que as narrativas mais intimistas são, sobretudo, peripécias autobiográficas dos autores. O que não passa, geralmente, de um engano de leitores que não escrevem. É certo que, às vezes, o escritor também faz a catarse da sua vida, nas páginas que escreve. Mas sempre muito misturada com episódios que nunca viveu. Mente. Para tornar a história mais interessante. O escritor goza desse privilégio de viver outras vidas, outras peripécias de vida. Senta-se, não só para escrever, mas também para viver as vidas inventadas.

«Um dos princípios da criação literária é a invenção, a ima­ginação. Somos mentirosos; todo o escritor que cria é um men­tiroso, a literatura é mentira; dessa mentira, porém, sai uma recriação da realidade: recriar a realidade é, assim, um dos princípios fundamentais da criação» – Juan Rulfo (1918-1986).

Escrever, sei-o agora, é essa liberdade de mentir que o cidadão comum não tem. O cidadão é alvo de uma enorme censura social sobre a veracidade das suas afirmações. O mentiroso é votado ao desprezo.
Um escritor, pelo contrário, não só «está autorizado a mentir», como as suas mentiras são alvo de elogios, por parte de críticos e leitores, tanto maiores quanto maior for o tamanho da mentira, a que também chamam criatividade.
É curioso! É libertador! É muito motivante!

posted by perplexo  # 01:57
Comments:
Entre a realidade e a falsidade vai uma distancia tão grande que até pode ser ínfima,
Será que o processo termo-eléctrico que acontece entre os neurónios e que é materializado sob a forma de escrita, ou de pintura, ou de dança, ou de qualquer outra forma de criação, é falsidade?
Não o creio!
A partir do momento em que acontece na mente, passa a ser realidade, apenas não é ainda constatado pelos demais.
A questão põe-se, então, em se se trata de uma realidade individual ou de uma mentira colectiva.
Mas que é motivador, lá isso é.
 
e falta dizer, perdoa se acrescento, que é assustador esse modo de a gente mentir
eu explico
por qual motivo aparece escrito uma história que tu não viveste, nem ouvi contada do vizinho, nem, ao que lembres, leste?
e le ali está viva, sangrando, doendo como se fosse coisa nossa: cada criatura saindo sei lá de onde sem que a tenha engendrado de modo consciente: este é uma fada, aqiuela um duende, tudo coisa aldrabada porque eu quero e depois o tipo do barco casa com a criada do andar de cima
não é nada disto, entendes? é como se tivesses um andar de baixo, uma outra vida cheia de muita gente que, se lhes dás oportunidade salatam por aí à toa(nem sempre, mas no caso de quem escreve e depois já nem sabe passar sem esse modo de estar)
não é bem recriar a vida
nem será decerto pôr mentiras
é deixar que ser-se correia de transmissão: é mais isso o que se dá comigo e, sabes que de vez em quando, dá-me um certo receio, quase medo
exagero de dedo soltado em escrita, mas anda lá por perto rsss
 
tá cheio de erros porque nem reli e escrevi ao "coprrer da pena" espero que se entenda apesar de tudo...
 
Quando fôr grande, talvez venha a ser uma escritora! Quem sabe!
Um abraço
 
speaking of the level



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E o que acontece quando se bate na realidade?
O maior problema é a indiferença! Ninguém quer saber. Só querem atenção e respeito. Que são modos de poder alterados.
O escritor dilui-se no mar de criativos. O que faz o escritor quando apanha de caras a frieza de não conseguir ser mais cativante do que babuínos vestidos com as cores nacionais a jogar à boila!?

Rod
 
Eheheheh! Até parece que me estás a revelar as entranhas. Não imaginas quantas receitas contra o pé-de-atleta já me deram por causa do meu «Das Tinturra». Pois acontece que não tenho pé-de-atleta, nem nada que se assemelha a atleta... foi tudo mentira! E as mensagens podem até nem ser entendidas.
 
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