Falo de um país…
(Este post, que subscrevo, é reproduzido do fotoblog «O que mais gosto em televisão são os pássaros nas antenas» do qual sou visitante regular)
Não creio que a minha opinião seja particularmente relevante. Pelo menos APENAS a minha opinião!
Mas a opinião que tinha sobre este país, que já era bastante má, ficou agora mais por baixo que barriga de jacaré.
É que, a dar fé num artigo de jornal de hoje:
As autoridades norte-americanas vão ter acesso a dados pessoais sensíveis dos cidadãos europeus que viajem para aquele país. "Origem racial ou étnica, opiniões políticas, crenças religiosas ou filosóficas, adesão a sindicatos" e ainda dados sobre a orientação sexual, saúde e sobre companheiros de viagem são algumas das 19 categorias a serem inseridas no novo sistema de registo de passageiros, revelou esta semana o diário Washington Post. Os Estados Unidos queriam manter as actuais 34 categorias de dados, nem todos sensíveis.
O sistema, assinado quinta-feira nos Estados Unidos, permite a transferência destes dados para o departamento norte-americano de segurança interna (Department of Homeland Security ou DHS), que os poderá guardar durante 15 anos - sete dos quais como "ficheiro activo" e os restantes oito com acesso restrito -, revelou Michael Chertoff, responsável máximo do DHS. Actualmente o prazo é de três anos e meio. Os responsáveis dos EUA avisaram a União Europeia de que a eliminação total dos dados deverá ser abordada em futuras conversações.
*Falo de um país que teve o seu primeiro conflito armado internacional, depois do da independência, no Mediterrâneo, contra um país norte africano, por não gostar de ver os seus navios taxados à passagem;
*Falo de um país que se construiu com base em genocídios não punidos até hoje, e em que, para além de matarem os nativos, retiravam as crianças das suas culturas para serem educadas em escolas de brancos;
*Falo de um país onde, em algumas cidades, as multas por se fumar em locais públicos são muito superiores às de se possuir armas de guerra;
*Falo de um país que mantém uma prisão de grandes dimensões, instalada em território não nacional e onde retém sem culpa formada, sem acesso a defesa ou a observação internacional, suspeitos de pertencerem a organizações catalogadas como “terroristas” e apenas por este país;
*Falo de um país que recusa a jurisdição de tribunais internacionais sobre os seus agentes, secretos ou militares, eventualmente acusados de crimes contra a humanidade ou outros de menor gravidade;
*Falo de um país que recusa assinar acordos internacionais sobre redução de resíduos e emissões de CO2, bem como de outras medidas de contenção sobre o efeito de estufa e o aquecimento global;
*Falo de um país onde quem não possuir seguro de saúde privado é tratado como gado nos hospitais públicos, se chegar a ser tratado de todo;
*Falo de um país que, sob acusações falsas e sabidas como tal, declarou guerra e invadiu um outro, que ainda ocupa e onde causou dezenas de milhar de mortos entre os invadidos;
*Falo de um país que, fazendo-se arauto da paz, da liberdade e da democracia, tem estado envolvido em todos os conflitos armados de média ou grande dimensão em todo o mundo nos últimos cem anos, que possui bases militares nos quatro cantos do globo e prisões discretíssimas em tudo quanto é local, à revelia das autoridades desses mesmos países;
*Falo de um país que tem dado apoio logístico, político e económico a todas as ditaduras e oligarquias dos seus vizinhos da América Latina, desde que não de esquerda;
*Falo de um país que, não sendo o meu de origem nem onde resido, estando do outro lado do atlântico, e onde não posso intervir com actos ou opiniões, toma medidas políticas, económicas e militares que afectam a minha vida e as dos que me cercam;
Falo de um país que me incomoda cada vez mais! Que não tenciono visitar e que, pudesse eu decidir e influir, receberia por cá tratamento equivalente!