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Canto da Maia
Ernesto Canto da Maia (1890–1981)
Bendito seja o fruto do teu ventre (década de 40)
Museu Carlos Machado – Ponta Delgada
Há tempos, passou por Lisboa uma exposição de obras do açoriano Canto da Maia.
Gosto muito de Canto da Maia. Quem pode esquecer Adão e Eva do Museu do Chiado?
Além de Paris e Genebra, estudou em Madrid onde recebeu a influência mais marcante nas suas opções formais e estéticas da parte de Júlio António, escultor com influências de Donatello e da escultura grega pré-clássica, com uma obra de grande sobriedade formal e contenção emotiva. Transmite ao açoriano, sobretudo, a consciência duma cultura comum à bacia mediterrânica, desde os arcaísmos gregos pré-clássicos aos realismos renascentistas. A partir daqui, Canto da Maia desenvolve uma estética pessoal de despojamento formal e sobriedade expressiva dos modelados, aspectos que se revelaram percursores da «Art Deco».
Este movimento que influenciou sobretudo as artes decorativas, desenvolveu-se entre as duas guerras mundiais. As suas características derivam de vários estilos de pintura de vanguarda do princípio do século. Exibe aspectos do Cubismo, do Construtivismo russo e do Futurismo, usando simplificações e distorções, sobretudo geometrizantes. Foi considerado um estilo elegante e sofisticado.
Canto da Maia aplicou esse gosto às suas esculturas, sobretudo no tratamento dos pregueados dos panejamentos e nos sofisticados desenhos dos penteados das figuras. As suas esculturas, associando estes tratamentos a estruturas formais pré-clássicas ou clássicas, transmitem uma imagem de arcaísmo erudito de grande beleza com reminiscências primordiais e individualidade criativa.
Terracota, material no qual modela algumas das suas maiores peças, significa literalmente terra cozida. É um material que se trabalha bem, em termos de modelação, mas que exige muitos cuidados para não se desmoronar, sobretudo nas peças grandes, antes de ser cozido. A típica cor avermelhada transmite às peças uma imediata aura de primitivismo, porque estamos habituados a encontrar peças em terracota oriundas de civilizações primitivas, quer antigas, quer actuais. Usavam-na os Sumérios, os Egípcios, os Gregos pré-clássicos, os primitivos actuais.
A cor apontada com admiração por quase todos os críticos da altura, é mais um dos aspectos que transmite ancestralidade intemporal às peças. Os véus, usados como elementos simbólicos mas também decorativos, com plissados longitudinais e pregueados arredondados horizontais, acentuam a nudez e as massas carnais e fazem lembrar as vestes leves e transparentes das representações egípcias do Império Novo, mas também as gregas. Transmitem a ideia de serem tecidos pouco espessos e muito leves.
Os penteados, sobretudo na mulher, são sempre objecto de um trabalho minucioso de modelação, apresentando estruturas complexas.
Os rostos desta obra, em tensão emotiva, estabelecem um diálogo telepático, íntimo e privado. Ao espectador resta circular, estranho, à volta do par, para o qual não existe mais ninguém no Mundo. A estranheza é paradoxalmente acentuada pelo tamanho humano das figuras. São quase humanas, mas estão como que noutra dimensão inatingível pelo espectador.
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