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Universos Assimétricos

Uma História de Agressão

29.9.05

Coisas da província 

Em muitas localidades da província, sobretudo no Norte, as horas do relógio da torre da igreja são dadas por uma aparelhagem sonora que, antes de bater as informativas badaladas, toca a melodia da Nossa Senhora de Fátima. Às vezes, nem há relógio, nem sequer há torre, só há aparelhagem. Uma que conheço, toca a primeira parte da melodia durante 15 segundos a todas as meias-horas, antes de bater uma badalada e toca a mesma parte e o refrão num total de 30 segundos a cada hora, antes de bater as respectivas badaladas.
Para quem ali vive todos os dias, terá sido engraçado na primeira semana mas, passados uns anos, nem devem conseguir cantar ou assobiar outra coisa que não a Sr.ª de Fátima. Deve ser por isso que são tão bem-vindos todos os cantores pimba, que mais não seja, para limpar os ouvidos.

posted by perplexo  # 18:24
Comments:
É preciso ser mesmo mauzinho.
Este ritual das horas musicadas deve ter sido copiado dos árabes, quando fazem o chamento para as orações. No princípio era o tenor nos minaretes, agora é o altifalante. Perdeu a graça toda.
Um abraço. Augusto
 
Obrigado pela tua correcção sobre o tempo e a história, eu já calculava que aquilo não estaria muito correcto, mas enfim, a esta distância...
 
Eu vivo esse calvário, quando aos fins de semana vou a casa dos meus sogros!
 
Nada como o audiovisual!
Dele resta o audio, que do visual tratam os padres!
 
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28.9.05

Histórias da província – 4 

Um amigo meu abriu um restaurante há cerca de ano e meio. Como o seu staff familiar não era suficiente para pôr o restaurante a funcionar, dirigiu-se ao Centro de Emprego de Coimbra, procurando um ajudante de cozinha e um empregado de mesa. Não conseguiu – não havia inscritos nessas especialidades. Só 5 meses depois o Centro de Emprego lhe telefonou a perguntar se ainda estava interessado, mas entretanto ele já arranjara outras soluções.
Não há desemprego nestas funções, nesta região, ou os necessitados acham que não vale a pena inscreverem-se?

27.9.05

Notícias da província 

Acabo de ler num jornal regional que vai ser criado um museu de Arte Nova em Aveiro. Vai funcionar na Casa Major Pessoa – edifício de princípio do séc. XX, construído naquele estilo e comprado pela edilidade local que nele vai fazer obras para o adaptar às suas futuras funções.
A criação de um museu como este ajusta-se perfeitamente ao que escrevi em 28 de Agosto deste ano. Não creio que quem decidiu tenha lido o meu blog ou o que nele escrevi tenha influenciado alguém, mas sinto-me muito contente na mesma.

P.S. (28/9): Passadas 24 horas de ter publicado este post, temo ter sido muito ingénuo. Embandeirei em arco e esqueci-me que estamos em campanha eleitoral. Relendo a notícia, parece que se trata dum processo já com algum tempo, mas o facto de ter sido divulgado agora, faz-me desconfiar que se pode tratar de mera propaganda eleitoral. Ou cuja divulgação foi guardada para esta altura. É um período muito delicado este!

25.9.05

Histórias da província – 3 

Este folheto foi distribuído à porta das igrejas, no interior do país, antes das eleições europeias de Junho de 2004.

frenteverso


Comments:
Prefiro os folhetos dos hiper e supermercados que, à revelia da minha vontade, são colocados na caixa do correio. Pelo menos são mais coloridos e honestos!
 
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23.9.05

Alegoria da obstipação 

Há directores de campanha ou criadores de ideias para as campanhas eleitorais que deviam ser despedidos pelos candidatos que os contrataram. O que eles fazem pode ser considerado serviço público e as populações agradecem, mas os candidatos que lhes pagam saem prejudicados. É que os lemas que escolheram para os promover parecem não os enaltecer mas sim denunciar os seus defeitos. É o caso da campanha da foragida de Felgueiras cujo lema é: «Fazer em Felgueiras». Duvido que esta candidata recolha muitos votos lá nessa terra. Quando for na hora do voto e os votantes se lembrarem que a candidata esteve 2 anos e tal foragida no Brasil, a comer todo aquele feijão com arroz e todos aqueles frutos tropicais, não vão querer que ela venha fazer em Felgueiras.
Nem quero pensar no que os encapotados agentes de serviço público terão escolhido como lemas para as campanhas de Valentim, Isaltino e Avelino e que eufemismos terão escolhido para denunciar o seu suave obrar.

Comments:
Hilariedade geral deste lado, seguida de um esgar de quem tem prisão de ventre!
 
Espero bem que não, devia cheirar muito mal. Se pega a moda, o Valentim arrota, o Isaltino peida-se e o Torres mija-se.
Um abraço. Augusto
 
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22.9.05

O capitalismo meteu água 

O mais chocante no pós-Katrina não foi o enorme grau de destruição que este furacão causou em New Orleans e noutras cidades. Para a maior parte das pessoas, foi perceber o incrível grau de falta de organização e de resposta a catástrofes no país supostamente mais preparado, não só devido a ser tecnologicamente o líder mundial, como por ter habitualmente furacões a farejar-lhe as costas. Até países do 3º mundo ou os da tão criticada economia planificada, conseguem melhores resultados. Boaventura Sousa Santos diz na Visão: «Quando o tsunami assolou a Ásia, o socorro chegou em 24 horas. Quando, no ano passado, Cuba foi varrida por um violento furacão, o Governo evacuou mais de um milhão de pessoas, sem uma única perda de vidas». Parece que o capitalismo e os seus mecanismos automáticos de regulação não funcionam no que excede o que é passível de ser mercadeado. Aqui, tratava-se, não de regulação de mercado mas de regulação de esforços colectivos e muita solidariedade. Da mesma solidariedade que faltou a algumas fatias da população que, em vez de procurar ajudar os seus concidadãos, aproveitaram para os assaltar e violar. E que, em vez de ajudar as equipas de socorro, disparavam sobre elas e assaltavam ambulâncias e hospitais para roubar os medicamentos que pudessem ser usados como drogas. É este o homem que o capitalismo está a criar?
Dá que pensar que, apenas se abateu sobre aquela zona uma catástrofe que rompeu a habitual organização social, faixas da população caíram imediatamente «no salve-se quem puder», na lei do mais forte, na barbárie. Aconteceria o mesmo em Portugal? Está a nossa organização social tão pouco afastada das cavernas?

Comments:
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O problema é que a actual sociedade está organizada em míriades de sociedades de um só indivíduo.
Estas têm cotação em bolsa, a bolsa de cada um. E entre estas sociedades acontecem “Operações Hostis de Compra”, em que cada uma quer comprar a outra, à revelia da sua vontade.
Numa organização social que se ergueu com base no conceito do “Salve-se quem puder” e “Eu vou ver se posso e à força de bala”, é natural que estas situações prevaleçam.
Para citar Eduardo Mazo: “No dia em os EUA tiverem um presidente preto, os voos charter a Plutão serão baratos!”
 
Caíu um pouco a máscara à blindagem e auto suficiência americana!
 
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19.9.05

Best of... Setembro de 2004 

Altamira
Há 8 anos, viajava eu com a família pelo norte de Espanha, quando uma manhã me apercebi que estava perto das grutas de Altamira. Visitá-las, tornou-se programa para esse dia, numa viagem sem itinerários definidos. Apressei o andamento pelas estradas secundárias para tentar chegar antes do meio-dia e visitar as grutas, antes dum possível encerramento para almoço. Estacionei uns 5 minutos antes das 12 e corri para a bilheteira. Havia bilhetes. Satisfeitos, entrámos para onde nos tinham indicado: uma sala onde estavam expostos achados arqueológicos locais e diversos mapas e fotografias alusivas às grutas. Calculei que fosse uma antecâmara onde os visitantes esperariam a formação dum grupo de visita a ser acompanhado por um guia. Passado algum tempo e vendo que não se dava inicio à visita, perguntei a razão do atraso. Então, fui informado que as visitas eram de apenas 15 pessoas, 2 vezes por dia, para não deteriorar as grutas. E só por marcação. Para marcar uma visita, deveria escrever para uma entidade central em Madrid, a qual me marcaria o dia da visita. Mas, que havia um intervalo de cerca de 10 meses, entre o pedido e a concretização...!
Por momentos, fiquei irritado, mas depois até fiquei intimamente reconhecido aos espanhóis por tomarem medidas de preservação dum património insubstituível.
Parece que entretanto já construíram uma réplica, a única visitável por turistas, à semelhança do que fizeram os franceses com a gruta de Lascaux, que oferecem aos visitantes uma réplica com realismo fotográfico – Lascaux 2. É que em ambientes tão sensíveis, que só se mantiveram milhares de anos porque estiveram preservados de alterações, estes milhares de turistas alteravam dramaticamente os níveis de humidade, além da introdução de fungos, bactérias e outros agentes poluentes e deteriorantes das sensíveis camadas pictóricas destas pinturas rupestres magdalenenses.

Comments:
Já estive em Altamira mas não consegui visitar as grutas.
Já em Lascaux visitei a réplica que está explêndida.
A preservação determina estas restrições compreensíveis.
Não tem nada a ver... mas perto de Lascaux, já visitaste a Gouffre de Padirac?
Só te digo que é bestial.
 
Suponho que, se não existisse esta proteção de tão importante local, em breve veriamos algo assim:
http://www.photoblog.net/photoblog.php?nickname=relogioparado&action=view&id=1568376

Seja como for, ainda bem que por lá se lembram do que têm!
 
Não, mfc, não conheço essa gruta. De pinturas rupestres só conheço umas em abrigos rupestres em Albarracin. Sem pinturas, já estive numa gruta nos Pirenéus com 3 km de percurso, parte dele de barco. Ou 3 km ou a minha memória a pregar-me partidas.
 
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18.9.05

Espírito de missão 

É surpreendente a maneira tão empenhada como os candidatos disputam os cargos nas eleições autárquicas e torna-se verdadeiramente tocante apercebermo-nos de quão desejosos estão de servir as populações. Quem os vê tão empenhados, se não os conhecesse, poderia pensar que existem motivações egoístas, para lá do supremo bem-estar moral de ser útil às pessoas. Creio bem, a avaliar pelo empenhamento cívico expresso, que a maioria dos que não forem eleitos vão oferecer a sua vontade de bem-fazer às organizações de assistência humanitária!

Comments:
Caro perplexo,
A minha rua foi aberta há 10 anos aquando do loteamento para construção de 10 moradias (estão por construir duas, as da entrada da rua) por cedência do loteador à Câmara. A rua não foi dotada de saneamento básico (só colector de águas pluviais, que recebe os esgotos (!), conforme aprovado pelos competentes serviços camarários). Também na altura deve ter havido "crise de alcatrão", porquanto a camada de tão fina já há vários anos não existe, encontrando-se o cascalho espalhado por toda a rua e passeios!
Vai fazer 4 anos em Dez., realização das últimas autárquicas, da minha caixa de correio recolhi um mailing com as fotos laranja do Menezes e do Fernando Vieira (sentado no cadeirão da Junta de Freguesia há 24 anos!).
O mailing serviu-me de pretexto para telefonar, três dias antes das eleições, para a Junta, perguntando se determinada promessa constante do mailing para o novo mandato contemplava a resolução do nosso problema (já Câmara, Pres. Junta e Serviços de Águas e Saneamento conheciam um dossier iniciado por mim em Jan.2000)
Foi-me pedida a identificação, a morada, e a resposta do outro lado foi "não, isso é para a zona a norte da A1, a sua rua vai ser intervencionada a nível de saneamento e naturalmente ficará com um tapete novo". E quando vai acontecer isso? - perguntei. "Já no início do ano, Jan/Fev)". Nessa altura reagi: desculpe, com quem estou a falar? Resposta: "Fernando Vieira". Estou a falar com o sr. presidente?! "exactamente". Ah, óptimo, boas notícias. "É, nós o que temos a fazer fazemos. Já dá para decidir?" Claro, sr. presidente, vamos para a frente! (Gaia na Frente - dizia o mailing.) Fim do telefonema.
Até hoje!!! Nada foi feito, o dossier com abaixo-assinados pela totalidade dos residentes, faxes, cartas, emails em cadeia,repetições do histórico - e do outro lado desculpas por causa do período de férias, etc.etc.)
E isto acontece em Mafamude, a mais populosa e urbana freguesia de Gaia!
Em reuniões espontâneas de vizinhos, neste último mês, ía-mos dando palpites sobre se teriam "lata" para mandar colocar mailings para a eleição de 9 Out.próximo - podiam tropeçar no cascalho!
Foi no sábado de manhã. Lá estava o mailing laranja, as mesmas duas caras, a mesma demagogia, as mesmas mentiras.
Um dos vizinhos diz que vai devolver o mailing à Junta, com uma carta "a dizer das boas". Não acredito. O que fiz ao meu foi colocá-lo no passeio, aberto, com as fotos à vista, encostado ao meu muro, com as pedras suficientes para não ser levado pelo vento.
Quanto a votos, o "claro, sr. presidente" de há quatro anos correspondeu a entrar no "jogo dele" porque, mesmo que eu soubesse que ele não estava a mentir, nunca levaria nem levará o meu voto...(por incompatibilidade política).
Quanto a mim, este "pequeno" comentário traduzido num caso concreto ilustra bem a filosofia vertida no seu post "Espírito de missão".
Grande abraço do
a.castro
 
Olá Castro! Ganhaste o prémio para o comentário mais longo, neste blog. Deves estar muito aborrecido com a situação na tua zona. Insiste.
Deve haver por esse país fora muita inépcia, muita corrupção e muita letargia. Mas, apesar do que sugiro no post, acredito que também há muito autarca sério, empenhado e competente. Eu conheço alguns. Como em todas as profissões, há bons e maus profissionais. O meu post pretendia sobretudo manifestar estranheza por haver multidões de interessados numa função que, se for bem exercida, implica muito trabalho, muita chatice e alguns sacrifícios pessoais. Pelos vistos também deve ter muitos aspectos positivos dos quais o reconhecimento público e a sensação de poder devem ser dos mais apelativos.
Abraço.
 
Caro perplexo,
O meu "pequeno" comentário não foi inocente. De facto, tinha esperanças de ser contemplado com o teu prémio - o qual, modéstia à parte, é justo!...
Eu também sei que há muitos autarcas sérios, empenhados e competentes. Só que ainda não chegaram à minha aldeia, apesar de persistentemente chamar por eles sempre que surjem as oportunidades!...
Um grande abraço do a.castro
 
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17.9.05

Extinção do pombo-passageiro: 1 de Setembro de 1914 

No passado dia 1 de Setembro assinalaram-se 91 anos sobre o desaparecimento de mais uma espécie animal, levada à extinção através da acção do Homem – morreu Martha, o último pombo-passageiro (Ectopistes migratorius) existente, no Zoo de Cincinnati, após ter morrido o último espécime selvagem, morto no Ohio, em 1900. Martha encontra-se actualmente em exposição no Smithsonian Institution.
Outrora, uma das aves mais comuns do Mundo, estimando-se existirem mais de 5 biliões de indivíduos nos Estados Unidos, esta ave social, que vivia em grandes bandos que escureciam os céus durante as suas rotas migratórias, foi extensivamente caçada para alimentação humana e animal. O seu decréscimo, que já era notório em meados do Séc. XIX, acentuou-se devido à baixa taxa de reprodução da espécie, que punha apenas um ovo em cada postura.
Em 1896, num único dia de caçada, e após anos de perseguição intensiva, todos os 250'000 indivíduos do último bando selvagem remanescente foram mortos. Seguiu-se o último espécime selvagem, tendo restado apenas Martha.
Uma data a assinalar, por razões que nos devem relembrar a necessidade de protecção e preservação das espécies...


16.9.05

Uma benesse insuspeita 

Há dias tive oportunidade de me passear por um campo em pousio. Gosto de o fazer de quando em vez. Não segui qualquer caminho ou trilho, nem existia lá nada cultivado. Os meus pés calcavam solo mais rijo ou enterravam-se em folhagens, sem cuidar do que estava por baixo. De repente, pensei que este simples acto de alguém se passear no campo não é um acto seguro em grande número de países do mundo: as minas de guerras anteriores, mesmo que terminadas há muito, são um perigo mortal para quem se aventure fora dos caminhos repetidamente calcados. Apanhar um fruto ou uma flor fora dos caminhos pode dar direito a ficar sem uma perna, pelo menos.
Menos perigosas mas representando um perigo potencial existem ainda na Europa muitas bombas por detonar, lançadas durante as duas guerras, como uma que foi descoberta em Berlim há 3 ou 4 anos.
A guerra pura, dura e extensa ainda não chegou cá, valha-nos isso. Em Portugal posso progredir pelos campos à procura de poejo, sem pensar em minas. Se não for dia de caça, o pior que me pode acontecer é pisar uma bosta de vaca. Sinto-me um privilegiado!

Comments:
Valha-nos isso no meio desta desgraça em que vivemos!
 
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14.9.05

Crítica de museus 

Domingo, visitei à borla (até às 14 horas) o Museu do Chiado. A informação destacava uma exposição dos Primeiros Modernistas Portugueses. Ia especialmente atento aos aspectos que o Francisco criticara há dias.
Realmente, a exposição destacada era pequena, enquanto que talvez 2/3 do museu estavam ocupados com um vídeo de Blaufuks e duas salas grandes com fotografias e arte (interactiva?) de Wurm, artistas actuais.
Também a informação não tem nada a ver com a que é fornecida no Centro de Arte Moderna (da Gulbenkian), (onde também a visita é grátis aos Domingos).
Não me parece que haja má vontade por parte dos funcionários, embora algum desânimo se possa instalar: se algum visitante pedir o dinheiro de volta, como parece que aconteceu, isso não é dos maiores estímulos. Essa desilusão de algum visitante pode também ser explicada pelo facto de a imagem do museu ter andado associada à arte portuguesa do séc. XIX e metade do XX.
Parece também que existem negociações desde há mais de 10 anos (!) para estender o museu para as instalações anexas da Polícia dado que o acervo, que não é grande, (devido à política oficial de aquisições do regime na segunda metade do século XX), mesmo assim ter que ser em parte emprestado ao Museu Malhoa das Caldas e ao Museu de Castelo Branco, por não haver espaço.
Mas, voltar a contemplar in loco a terracota de Canto da Maia, Adão e Eva (que já se chamou Hino de Amor, Printemps, Juventude e Duo d’Amour), faz esquecer o resto!

Adão e EvaAdão e Eva


Comments:
Não fui ao museu, mas a tua visita guiada, esclereceu-me quanto às opções que hoje em dia os directores de alguns museus tomam.
A direcção de um museu é sempre subjectiva, só é pena que subjectividade seja tão grande que faz esquecer a objectividade.
Um abraço. Augusto
 
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13.9.05

Reflexão ligeira e talvez injustificada e demagógica 

No sábado vi o filme Dogville no canal 2: Uma mulher chega a uma pequena aldeia de 20 pessoas numa situação de foragida. É acolhida por favor e sujeita a expulsão caso algum membro da comunidade o entenda. Tal leva, ao longo do extenso filme, a que ela tente agradar a todos e se sujeite a todos os trabalhos e abusos e chegue a uma situação de ser explorada e abusada até à náusea. No fim, cria-se um cenário em que a situação se inverte e o poder total e absoluto lhe passa para as mãos e ela, depois de alguma reflexão, resolve mandar executar todos os habitantes da aldeia.
Além da reflexão de que ali, como muitas outras vezes, o abuso acontece com alguma passividade do abusado, a reflexão que quero propor é a de que o espectador, perante os abusos revoltantes que presenciou, toma o partido do morticínio. Se estivesse no local da acção era ele dos primeiros a puxar o gatilho. Os realizadores sabem bem como podem conseguir essa anuência com as acções das suas personagens. Quando querem pôr o herói a matar um mau, é vê-los a pôr esse mau a fazer uma última canalhice, para justificar a morte. O herói mantém a sua função de justiça ética e o espectador concorda e sente-se reconfortado, sente que ainda há justiça no mundo. Ou, se querem salvá-lo, mostram uma faceta humana do vilão.
Dito assim, parece que, havendo tempo, vontade e boa argumentação, se pode pôr toda a gente a concordar com penas de morte, morticínios e todas as outras violências físicas ou psicológicas. Pelo menos durante algum tempo. E isto é preocupante. Generalizando e diversificando, é argumentação que os políticos usam, são edições de notícias que os realizadores dos meios de comunicação usam. Em última análise, a maneira como as notícias são apresentadas e a demagogia que os políticos possam utilizar, podem levar-nos a desejar uma qualquer barbaridade maior ou menor. Hitler e Bush ganharam eleições. Ambos usaram extensivamente os meios de comunicação social. Dominar os meios de comunicação social é meio caminho andado para dominar os desejos duma sociedade. Sabem-no a publicidade que paga fortunas para fazer passar a sua mensagem, sabem os partidos que gastam fortunas em propaganda eleitoral explícita e disfarçada, sabem os governos que podem dispor as suas pedras nos meios de comunicação social (o ideal é ter os jornalistas do seu lado), são as classes possidentes que se esgatanham para terem jornais, rádios e televisões. Estas têm a consciência aguda de que podem «até vender Presidentes da República», como vendem sabonetes.
Como é que o indivíduo consumidor de comunicação social se protege da lavagem ao cérebro? Como pode manter uma atitude independente? Ganhando princípios humanistas? Sendo racionalista? Como?

Comments:
Há algum tempo propuz, num espaço que por aqui vou tendo, que fosse criada uma nova disciplina nas escolas.
Nelas as crinças e jovens aprenderiam a ler nas entrelinhas, a detectar a demagogia e a separa o trigo do joio na comunicação social.
Claro está que caiu em saco roto: nenhum governante ou político gosta de dar tiros no seu próprio pé!
 
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12.9.05

Terra: um planeta «do 3º mundo» 

Segundo um relatório das Nações Unidas, «os 500 indivíduos mais ricos do mundo têm um rendimento conjunto superior ao das 416.000.000 de pessoas mais pobres».

P.S.: Dos meus posts, este é dos que tem um conteúdo mais adequado para integrar um blog que se chama Universos Assimétricos

11.9.05

Viagem no tempo 

Há dias percorri o troço de estrada entre Sendim e Barca d’Alva, passando por Freixo de Espada à Cinta, que já não percorria há 20 anos. Um bocado depois de Sendim, a estrada torna-se estreita, cheia de curvas e com um piso eriçado de irregularidades que fazem o carro trepidar parkinsonisticamente. Já estava esquecido de como eram as estradas há 30 anos e de como era penoso e extremamente demorado percorrer umas dezenas de quilómetros. De como se demoravam 5 horas para fazer 300 quilómetros. Não sei porque é que aquele troço continua como há dezenas de anos, se é por não se justificar (!) ou porque há alternativa (há?) ou se serve só para nos lembrar de aspectos penosos do passado, preservados como num museu a céu aberto.

Comments:
Como é que a rapaziada de hoje pode apreciar as actuais estradas e auto-estradas sem conhecer as vias sacras de há 30 anos? Uma estradita à moda antiga até tem um cheirinho a museu.
Um abraço. Augusto
 
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10.9.05

Histórias da província – 2 

Há 3 ou 4 anos, numa localidade do interior, os Serviços Municipalizados detectaram (por denúncia, por pesquisa ou por acaso), que havia pelo menos 3 moradias cujas piscinas eram abastecidas directamente da rede, sem passar por um contador, isto é, tinham uma ligação ilegal e faziam consumos de água que não eram pagos. Os prevaricadores não sofreram nenhuma acção judicial, aparentemente por, pelo menos, um deles ser uma figura com algum peso económico na localidade.

9.9.05

Histórias da província – 1 

Numa localidade do interior, já há muito que alguns moradores não se queixavam de falta de água, mesmo em tempos de seca como os deste ano: os seus poços continuavam a ter água para regar o quintal ou a horta. Achavam que talvez o proprietário de algum furo próximo tivesse deixado de tirar água e assim o veio estaria a ser suficiente para as suas pequenas necessidades.
Há uns meses, abateu o pavimento duma rua dessa zona, numa área tão grande que na cratera caberia um carro, a avaliar pela depressão que o tapete betuminoso do asfalto adoçava. Percebeu-se que o que tinha provocado a cratera era a água que, gorgolejando durante anos dum cano enterrado da rede pública, ia arrastando as partículas do solo, enquanto se sumia para camadas inferiores.
Passada uma semana da reparação do cano, os poços secaram. Não há milagres!

Comments:
Pois não há, caro perplexo.
Aqui está um exemplo de imcompetência camarária. "Durante anos..."?! O que é que fazem com o dinheiro que nos cobram? Pergunta desnecessária porque todos sabemos. Vergonhoso!
E seria de ficar ainda mais perplexo, não fora ter funcionado a lei das compensações!
Abraço
 
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3.9.05

Resposta Militar 

O furacão Katrina provocou uma grande destruição no sul dos Estados Unidos e pode ter feito mais mortos que o ataque às Torres-Gémeas. A Al-Qaeda não reivindicou esta destruição mas Bush já disse que isto não fica assim. Pensa-se que irá ocupar militarmente a zona que está na origem do mal: o Triângulo das Bermudas.

Comments:
Não acredito, ia correr o risco dos navios desaparecerem, e ele é muito supersticiso.
Um abraço. Augusto
 
O pentagono* ocupa o triangulo* e define o eixo*.

* - Do mal?
 
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1.9.05

Vêem o Lulu? 

Não consegui visitar o museu do pintor Evaristo Valle (uma fundação), nem gostei muito do que vi da pintura dele no Museu de Oviedo, aliás um belo museu, extenso e bem representativo dos pintores asturianos, mas veja-se a ironia e a provocação desta pintura dele:

Evaristo Valle


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