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Universos Assimétricos

Uma História de Agressão

29.11.05

Os crimes da informação 

Pela sua importância, transcrevo integralmente o texto de Boaventura Sousa Santos na Visão de 24/11/05. Os destaques são meus.

Ética jornalística
A jornalista Judith Miller acaba de ser despedida pelo New York Times (NYT) depois de ter pas­sado quase três meses na prisão por se ter recusado a identificar as fontes de uma fuga de informação sobre a identi­dade de uma agente secreta da CIA. Esta notícia parece algo paradoxal. Como é possível que uma jornalista de tão ele­vada exigência ética seja despedida por um dos jornais mais influentes do mundo? Mais estranho ainda é que não tenha havido nenhum movimento de jornalistas em favor da sua colega e mui­tos tenham manifestado as suas dúvidas acerca dos verdadeiros motivos do silêncio desta jornalista A explicação de tudo isto está no facto de Judith Miller ter sido a jornalista que mais prolificamente escreveu sobre as armas de destruição maciça de Saddam Hussein e mais zelosamente defendeu a tese de que tais armas existiam. Com fortes ligações aos neoconser­vadores que dominam a administração Bush, Miller teve acesso a informação confidencial que alegadamente justificava as suas reportagens e que pôde usar sob a condição de não a revelar, nem sequer aos próprios directores do NYT. Segundo alguns analistas políticos, a persistência e o dramatismo das reportagens da jor­nalista tiveram um papel decisivo em condicionar a opinião norte-americana, no sentido de apoiar a invasão do Iraque e em influenciar, no mesmo sentido, muitos jornalistas estrangeiros.

Ora nos últimos meses souberam-se dois factos importantes: não havia armas de destruição maciça no Iraque e a adminis­tração Bush sabia disso quando decidiu a invasão; as reportagens da jornalista do NYT foram parte de um esquema im­pressionante de manipulação da opinião pública e de produção de informação falsa que envolveu muitos meios de comunica­ção e jornalistas, não só nos EUA como no resto do mundo. O esquema envolveu o departamento de defesa, sectores dos serviços secretos, especialistas de «ges­tão de percepção» e de «manipulação da informação», contratados para o efeito, e ainda o Iraqi National Congress, uma organização de dissidentes iraquianos, criada pela CIA e dirigida por um exilado, Ahmad Chalabi, condenado por crimes económicos na Jordânia e hoje um dos homens-fortes do Iraque.

Os detalhes da operação começam a ser conhecidos e mostram como a in­formação foi transformada em arma e em alvo de guerra: notícias falsas, inun­dando as redacções de todo o mundo e incluindo segmentos televisivos com «embuste militar»; «operações psicológicas secretas», envolvendo o favorecimento dos jornalistas amigos, a demonização dos hostis e a desmoralização dos que tentassem verificar ou cruzar a informação; envio de equipas de téc­nicos de informação e de desinformação a países considerados estratégi­cos, etc., etc.
O NYT pediu desculpa aos leitores por se ter deixado ser «vítima» da desinfor­mação. Mas terá sido apenas vítima? Em livro recente, Richard Falk e Howard Friel revelam que os 70 editoriais do NYT sobre o Iraque, entre Setembro de 2001 e Março de 2003, não men­cionaram nunca as palavras «Direito Internacional» ou «Carta da ONU». Mas o problema não é apenas norte-americano. Alguns jornais europeus (incluindo portugueses) encheram-se de editoriais e de páginas fazendo a apo­logia da guerra e lançando o opróbrio contra todos os que se lhe opunham, com base no Direito Internacional e na infor­mação já então disponível, alguma da própria CIA, de que não havia armas de destruição maciça no Iraque nem havia nenhuma articulação entre Saddam e a Al Qaeda. O NYT despediu a jornalista. O que aconteceu no resto do mundo? Algum jornalista confessou o erro ou foi punido? Alguém é responsável por esta monumental fraude contra a opinião pública mundial?

posted by perplexo  # 01:18
Comments:
Para quem conhecer a história do cruzador americano "Main", utilizado como motivo para começar a guerra hispano/americana, tudo isto não passa de uma brincadeira. Aqui sacrificam uma jornalista no "Main" imolaram praticamente a tripulação toda.
Um abraço. Augusto
 
Ó Augusto, não queres contar no teu blog essa história que parece tão «edificante»?
Abraço.
 
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28.11.05

Histórias da cidade 

Um familiar meu, querendo ir à noite à zona da sede da Cruz Vermelha, estacionou entre a Praça da Ribeira e Santos. Deu 1 Euro ao arrumador, porque não tinha mais trocados, e aproveitou para perguntar onde era a Cruz Vermelha. O homem ficou surpreendido e aconselhou o meu familiar a voltar a pegar no carro para ir para lá, porque fica a mais de 1 km. Foi isso que o meu familiar fez, não antes que o arrumador tentasse devolver-lhe a gorjeta
Extraordinário: necessitado mas eticamente inatacável.

Comments:
Um arrumador impecável!
E porque não? Ainda os há, sim!
É sempre de louvar e o registo do sucedido também.
Bem-haja pela partilha.
Um abraço. :)
 
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25.11.05

Efeméride 

Há 30 anos os Estados Unidos, acabados de perder a Guerra do Vietname, respiraram de alívio, devido ao afastamento do perigo duma nova Cuba, desta vez na Península Ibérica. O êxito foi tanto mais gostoso quanto não foi necessário intervirem directamente em armas. Bastaram as secretas.

24.11.05

Arte contemporânea 

Começa hoje e vai até 28 a FIL-Arte – a Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, acontecimento anual que, pela sua dimensão – 60 galerias – não se deve perder. Tenciono ir lá .

The Loosers (pormenor)


Pormenor de The Loosers de Rodolfo Bispo

Comments:
Eu vou!!!
 
Já por lá estive. Gostei da série estilo BD.
 
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23.11.05

Cortesias 

Há dias, numa fila de almoço num self-service, uma jovem ultrapassou-me e a mais 1 ou 2 pessoas e chegando junto de dois jovens que estavam à minha frente disse: «Isto é que são uns cavalheiros! Não esperaram por mim!». E ficou-se a conversar.
Ainda pensei que estivesse só em cumprimentos mas, quando chegou a altura, começou a tirar tabuleiro e talheres para si.
Mortinho por que isso acontecesse, disse-lhe sorrindo magnanimamente: «Cavalheiro, sou eu! Faz favor de passar!».
Agradeceu em jeito de «desculpe». E eu, sorrindo para dentro marotamente, ganhei uma história para contar.

Comments:
Tanto detesto os chicos como as chicas espertas, comigo o cavalheiro tinha ficado em casa e a pequena tinha de esperar pela sua vez. Cada um com cada qual.
Um abraço. Augusto
 
Por acaso não há mesmo pachorra para as espertezas saloias...o problema é a malta calar-se. Comigo ia tudo para o lugar que lhe competia, eu não passo à frente de ninguém, é bom mesmo que ninguém se atreva a querer passar à minha frente!!! Beijinhos
 
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21.11.05

Oge à ixcas 

O Português sofre ataques frequentes, uns mais graves que outros, uns devidos a ignorância, outros a desleixo, outros ainda a vícios de linguagem. Uns fazem-nos rir, outros irritam-nos. Os que são veiculados pela comunicação social são especialmente perigosos porque vão ser assimilados pela população como transmitidos por entidades idóneas que, com certeza, sabem o que dizem. Mas, muitas vezes não sabem. E se a palavra dita por jornalistas é importante, a palavra escrita em rodapé de imagem por «inserçores de caracteres» tem a força extra de ser fixada pela memória visual que é talvez mais retentiva que a auditiva.

Já não é a primeira vez que ouço jornalistas dizer que «um carro foi albarroado», em vez de «abalroado». É um erro de um tipo onde a rotina da língua prefere um início «al», mais vulgar, que um «ab», pouco vulgar. É do mesmo tipo do que leva tanta gente a preferir «condónimo» em vez do correcto «condómino». E do tipo onde, a língua portuguesa influenciando o francês, prefere «trompe d’oeil», em vez do correcto «trompe l’oeil». Aliás, este erro, em resultados do Google, é muito mais frequente em Portugal (5,9%), que no mundo (1,2%)

Outros erros, adquiridos desde muito cedo, são infinitas vezes repetidos, mesmo que os seus autores reconheçam o erro, como é o caso de José Rodrigues dos Santos que diz sempre «ter a haver», quando deveria dizer «ter a ver».

Os erros do rodapé das notícias, muitas vezes fruto de descuidos e da pressão dos directos, produzem, às vezes, resultados hilariantes. Infelizmente, não tenho nenhum «à mão»

O reverso também acontece. Ao ouvir o Louçã, e outros, dizer que não podem «compactuar» com isto ou com aquilo, pensei que era mais um dos erros de que tenho estado a falar. Pensei que, ou bem que era «pactuar», ou bem que era «compactar», com um significado bem diferente. Mas, por via das dúvidas, fui verificar. E, na verdade, «compactuar» existe. Mea culpa.


P.S. (28/11): Não estou a ver é como é que se pode construir uma frase que inclua «compactuar» mas não inclua a redundância dum «com». É que «compactuar» já significa «pactuar com»!

Comments:
Chegámos à "Novilíngua" de que falou Wells.
 
Ainda bem que viste.. e que avisaste, porque eu também ouvi e também estranhei.
 
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17.11.05

Crápulas e hipócritas 

Os Estados Unidos impuseram restrições à entrada de têxteis chineses no seu território, como já tinham feito, há uns anos, em relação aos aços europeus.
A livre-concorrência e a auto-regulação do mercado são boas bandeiras quando são a favor deles – quando servem de argumento para encaixarem os produtos deles nas economias alheias. Quando são contra eles: se não puderem ser classificadas como ataques ao «mundo livre», são com certeza contrárias aos interesses norte-americanos e logo actos hostis a reprimir.

Comments:
Hoje comecei no meu blog uma "luta" irónica contra os insultos nos blogs... não só no meu mas nos outros... passas por lá e deixas a tua opinião?
:-)
beijo
 
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16.11.05

Estou entalado 

Tudo começou quando li um artigo da Visão onde percebi que havia fornecedores de Internet de Banda-larga com preços muito melhores que o Sapo (22,50 € em vez de 35) e permitindo um volume de tráfego total, nacional e internacional, de 10 gigas (10Gb) em vez dos 2 internacionais e 20 nacionais do Sapo. Além disso, permitia acesso de voz (telefonemas) sem assinatura.

Eu andava a sentir-me muito desconfortável com a Internet porque já não conseguia manter-me nos limites dos 2 Gb internacionais. Ultrapassava em muito os 3 Gb o que elevava a factura para os 55 €. Qualquer passeio de meia-hora na Internet significava 40 ou 50 megas (Mb). Os nacionais, esses mantinham-se nos 0,3 ou 0,4 Gb mensais.
Além disso, custava-me pagar 15 €, só pela assinatura do telefone. Era isso que dizia aos inúmeros telefonemas que recebia da PT para aderir a um esquema de preços em que ficava a pagar cerca de 6 € fixos por telefonemas nocturnos sem limite, quando o meu volume total de telefonemas não ultrapassa os 6 €.

Aderi ao Clix. Ele tratava de tudo e até podia manter o mesmo número de telefone. A coisa parecia não correr mal, mas…
Já lá vão 2 meses desde que aderi ao Clix e recebi hoje uma carta a dizer que terei que esperar pelo menos mais 6 semanas até dispor do serviço.

Logo no início, fiquei de pé atrás quando percebi que tinha que ser eu a cancelar o contrato de Internet com o Sapo e o Clix não me instruíra sobre isso. Cancelei, caso contrário, a PT não aceitaria a transferência da linha telefónica.
A coisa piorou:
- Passei a usar a Internet através duma ligação telefónica em vez de Banda-larga. A factura de telefone de Outubro passou os 55 €, só de ligações para a Internet.
- Já recebi duas chamadas do Clix a perguntar quando é que eu adiro, semanas depois de ter aderido e já recebi duas cartas a dizer que o serviço está activo, sem estar.
- O contacto telefónico com o Clix é praticamente impossível – está sempre com um tempo de espera superior a 5 minutos, mesmo às 4 da manhã. Ainda assim, uma vez disseram-me que a transferência de linha tinha que ser feita na presença de técnicos do Clix e da PT e que estes falharam.
- Agora recebi uma carta a dizer que prevêem uma demora de 6 semanas.

Aparentemente há uma falta total de coordenação entre os serviços do Clix.
Custa a crer que uma empresa com o prestígio das empresas do Belmiro ande tão à deriva.

Não há verdadeira concorrência nesta área. A PT é uma super-empresa que detém a rede telefónica e qualquer concorrente tem de usar essa rede da PT. Está à vontade. A alternativa é a Net-Cabo que também lhe pertence. É uma falsa concorrência. E a ligação da EDP ainda está no início.
Contra este gigante cheio de trunfos, só vencem os que a PT não puder evitar. E venderá cara a derrota. Mas não me parece que possa ser batida por nhónhós como o Clix, infestado de descoordenações, cujo único trunfo deve ser o baixo preço.

Não sei que fazer. Uma coisa sei: sempre pautei a minha vida por não me juntar àqueles com que não posso. A ligação à PT está condenada irremediavelmente. A ligação ao Clix está periclitante. Posso vir a optar por dar baixa da ligação telefónica à PT para evitar qualquer tentativa de arrastamento da situação.

Se os posts escassearem ou desaparecerem, calculem que foi isso que aconteceu e que passei a ficar dependente de alguma ligação à Internet através duma sala de informática da autarquia ou de um ciber-café. Assim vai a desejada disseminação da Banda-larga em Portugal.

Comments:
É uma boa denúncia de como o barato pode sair mais caro. Somos uma república das bananas onde o consumidor não tem direitos nem é protegido.
Um abraço. Augusto
 
Companheiro:
Poderás ainda optar pelo serviço 3G (sem fios) que agora começa a expandir a sua zona de imfluencias.
Por aqui ainda não chegou, quando não já teria deixado a net cabo.
 
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15.11.05

Hoje li 

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve estrelas a mais…

Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo senão eu.

Sebastião da Gama

Comments:
E isso é que é importante...uma Mãe que nos quis, que nos sorriu, que nos amou...incondicionalmente! Tudo o resto é pouco...Beijos para ti
 
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13.11.05

É segredo? 

Ontem à noite, 12 de Novembro, a comunidade católica portuguesa desencadeou uma intensa acção mediática de ocupação do espaço secular – uma enorme Procissão das Velas entre as Avenidas Novas e a Baixa, em Lisboa. Esta acção, além da propaganda religiosa inerente, parece configurar uma tentativa de estender aos dias 13 de todos os meses do ano a mesma importância e as mesmas cerimónias que se realizam em Fátima nos dias 13, entre Maio e Outubro, e a associada Procissão das Velas na véspera.
Por mim, tudo bem, desde que não se alarguem para lá dos espaços católicos que já ocupam.

Comments:
República Portuguesa:
Estado laico e republicano?
 
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10.11.05

Sob a inspiração de Mercalli 

Ao contrário da escala de Richter que é aberta, porque medindo a magnitude dum abalo sísmico não contempla todos os abalos possíveis, a escala de Mercalli mede a intensidade, cujo grau 12 corresponde a uma destruição total de todas as estruturas construídas pelo Homem. Esta escala permite-nos, pela citação de um único número, avaliar aproximadamente o grau de destruição causado por um terramoto.
Seria muito útil criar outras escalas para classificar destruições causadas por outros fenómenos destruidores. Por exemplo, podia ser usada uma escala que classificasse o grau de destruição dos últimos dias nos subúrbios das grandes cidades francesas. Esta manhã, ainda ensonado, pareceu-me ouvir nas notícias: «Os distúrbios desta noite em Toulouse atingiram o grau 4 na escala de Sarkozy».
Já as destruições da Jordânia que privilegiaram pessoas geravam notícias que diziam que os 3 atentados suicidas em Amman tinham atingido o grau 7 na escala de Zarqawi.

Comments:
É previsto um "abanão" para o próximo mês de janeiro!
Que escala se usará então?
 
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9.11.05

Serviço público 

Aqui há uns anos, a banca privada fez uma feroz investida contra as contas pequenas, tentando cobrar a quem não tivesse um determinado saldo médio em conta. Fizeram assim fugir milhares de clientes – os que não se sujeitaram a pagar a quem usava o seu pouco dinheiro. Entretanto bombardeavam as pessoas com «ofertas» de tudo e mais alguma coisa – seguros, cartões de crédito, etc. – tudo sem pagar, salvo seja. A conta vinha depois. Agora é a vez da banca do Estado investir contra os clientes e tentar cobrar-lhes por isto e por aquilo. Para uma segunda conta exigem um saldo médio de 1000 euros (!!), ou cobram despesas de manutenção. Estamos chegados a uma situação em que já não recebemos juros pelo dinheiro que emprestamos aos bancos e ainda pagamos.
Anda por aí pessoal com um grande sentido de humor… Felizmente para eles, já não me estou a ver a dispensar um cartão Multibanco!

Comments:
Há certos hábitos que criaram raízes e agora ... já não passamos sem eles.
Há dias quando o meu marido foi abrir conta num banco, foi uma guerra, pois o banco queria à força toda impingir-nos um cartão de crédito. Devemos ser os únicos que batemos o pé e dizemos que não queremos, não senhor. Mas o homem ficou ofendido !!
Bjos.
 
Essa invenção das despesas de manutenção tem realmente uma piada louca! Às vezes dá mesmo vontade de começar à chapada duma ponta a outra neste País!! Mas é que é mesmo. Beijinhos, bom estudo para os próximos testes que se aproximam!! Ehehehehe
 
Confesso que ando cada vez mais com vontade de destruir o cartão de débito, assim como os cheques.
Não tanto pelas despesas, mas antes pelo controle a que ficamos sugeitos.
E, já agora, quanto custa um cheque avulso para levantar o dinheiro que é nosso? Uma fortuna!!
 
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7.11.05

Portugal tem a febre-da-carraça 

As empresas cotadas em Bolsa são obrigadas a apresentar os relatórios de contas, nomeadamente os resultados líquidos. Quem tome conhecimento destas notícias não pode deixar de se surpreender com os lucros apresentados pelos bancos, num contexto de apregoada penúria nacional generalizada. São centenas de milhões de euros de lucros líquidos que cada banco embolsa, para si e para os seus accionistas.
Não me choca que uma empresa tenha lucros. Precisa deles para ser viável, crescer, melhorar a distribuição de salários e contribuir para o desenvolvimento do país. O que estranho é que as empresas que em Portugal apresentam mais lucros não sejam as empresas que produzem alguma coisa, mais produtos alimentares, mais produção mineira ou industrial, mais bens de consumo, mais habitação. São os bancos, empresas que nada produzem directamente, isto é, que em última análise vivem de parasitar as actividades produtivas e os cidadãos.
Há aqui qualquer coisa de profundamente distorcida!

Comments:
Também me parece que tudo anda um pouco estranho! Beijos
 
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5.11.05

Um coelho na toca das raposas 

Quem segue a evolução das cotações da Bolsa não pode deixar de se surpreender com certos movimentos que ela executa. Ao contrário do que seria de esperar por um leigo, é, bastas vezes, a seguir a uma notícia favorável a uma empresa que as suas acções caem. E, inversamente, é a seguir a uma má notícia que as suas acções sobem. Como explicar isto? Cada caso é um caso, mas não me parece necessário arranjar grandes explicações económicas. Parece-me que basta perceber porque é que existe uma «regra» de investimento que diz: «comprar no rumor e vender na notícia», para a boa notícia. Isto parece-me apontar claramente para a fuga de informação. Quem tem acesso a ela, compra. Quando a boa notícia chega ao grande público, já a acção subiu o que tinha a subir e só pode descer.
Outro aspecto que surpreende é uma acção descer exactamente quando alguma grande instituição de corretagem acabou de recomendar um preço-alvo elevado, ou seja, aconselhou a sua compra. Parece que os grandes investidores, ao contrário dos pequenos, entendem aquele conselho como: «Entendo que a acção vai descer e portanto vou recomendar a sua compra para tentar desfazer-me dela ao melhor preço possível» e actuam em conformidade: «Toca a vender».
Embora haja vigilância sobre actuações fraudulentas, deve haver muita malandrice associada aos movimentos de Bolsa.

Comments:
Pois deve... também me parece! Beijinhos
 
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3.11.05

Hoje li 

«A guerra é o maior dos crimes, mas não existe agressor que não disfarce o seu crime com pretensões de justiça» - Voltaire.

2.11.05

Dia de Finados 

Alguns cemitérios de Lisboa são lindíssimos. Têm avenidas bordejadas de «palacetes», muitas flores e algum silêncio. Têm uma arquitectura que, ao longo dos tempos, reflectiu a arquitectura dos vivos. E melhor preservada que a de Lisboa. É que nesta cidade dos mortos não é necessário deitar jazigos abaixo para construir bancos e centros comerciais. Alguns destes jazigos são autênticas esculturas arquitecturais. É nos cemitérios, talvez, que existe a maior concentração de escultura por hectare. Alguma, de grande qualidade.
Um passeio por um cemitério lisboeta é, quase de certeza, mais tranquilizante e culturalmente mais estimulante que um passeio por muitos jardins da cidade.

Estes cemitérios têm ritmos próprios. Cada talhão de enterramento passa por um alvoroço de abertura de covas e montões de coroas de flores que evolui durante umas poucos semanas ou meses em linhas paralelas ao longo do talhão. Aos poucos, as linhas revoltas vão evoluindo para um aspecto arrumado, pincelado de lajes de mármore e floreiras multicoloridas. Chega um momento em que todo o talhão se arrumou e mantém um aspecto muito estável durante 5 anos, com os mármores alinhados entremeados por um ou outro monte de terra dos de menos posses, cada um com a sua floreira. Às vezes, com uma ou outra placa de mármore com inscrições do tipo «Grand-maman Je ne t’oublierais jamais».
Muitas vezes, esses talhões de meio hectare de área estão circunscritos por um quadrilátero de gavetas embutidas num muro nas quais, mais tarde, serão depositados os pequenos caixões contendo apenas os ossos lavados e desinfectados dos corpos que tenham atingido o estado necessário ao levantamento.
Estar sozinho num desses talhões a observar a extensão florida agitada pela aragem e a ouvir a vibração das centenas de pequenas floreiras metálicas, faz-nos sentir num universo distinto do nosso. São prados artificiais, «prados» de flores cortadas e de flores de plástico inseridas em floreiras, numa densidade e numa multiplicidade de cores que nem a Natureza produz.
Depois, passados os 5 anos, os talhões começam a ser escalavrados pelos levantamentos avulsos que deixam uma paisagem desoladora semeada de crateras rectangulares por entre as campas intactas cujos ocupantes se atrasaram a atingir a decomposição total. Passado algum tempo, tudo recomeça e o talhão recobra a «vida» florida, (se de vida podemos falar), para mais um ciclo de enterramentos.

Aos Domingos, os ciganos instalam-se todo o dia no cemitério a honrar os seus mortos. Pintaram de branco a moldura da gaveta onde está o caixão e o chão do passeio por baixo da gaveta. Mantêm-se por ali a limpar a gaveta, o caixão, o pano que o tapa e depois ficam por ali sentados de porta da gaveta aberta com várias fotografias do defunto expostas e jarrinhas de flores sobre naperons brancos.
Os outros vão menos ao cemitério. E tanto menos quanto o inexorável apagamento da dor que a passagem do tempo provoca. As floreiras deixam de ter flores naturais e ficam-se pelas de plástico que «duram mais tempo». Mesmo essas são, às vezes, levadas pelo vento. No fim do Verão, a maioria das floreiras estão vazias.

Perto do dia de finados (2 de Novembro) os cemitérios enchem-se numa romaria de mãos carregadas de flores. Há pessoas de todas as idades encavalitadas nas escadas que permitem aceder às gavetas mais elevadas. Os cemitérios enchem-se de cor. Cumpre-se a «obrigação» e o ritual. É possível ouvir pelas alamedas:
- Anda cá, o 16522 deve ser para aqui!
- O João não veio cá já uma vez?
- Sim, mas já foi há muito tempo!

E a vida continua. São lindíssimos os cemitérios de Lisboa.

1.11.05

Notícias de Arqueologia 

Há dias, o Cavaco apresentou o seu programa de candidatura rodeado dos correligionários a que nos habituou. Já não via tantas múmias políticas desde que o Soares apresentou a candidatura dele, rodeado dos correligionários a que nos habituou.

Comments:
é assim a política que temos... são sempre os mesmos...
boa semana!
 
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Em quarentena (Vírus linka-deslinka):

Desembarcados num Mundo Hospitaleiro:

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