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Universos Assimétricos

Uma História de Agressão

27.1.10

Uma máquina automática e eficaz é sempre admirável 


Hoje, foi aprovado o orçamento de Estado para 2010. Uma das despesas mais importantes é a de juros. Isto é, o Estado paga juros a outras entidades que lhe emprestam dinheiro para suprir a dívida pública. Isto é, o Estado não é auto-suficiente e tem de pedir dinheiro e pagar os respectivos juros. E, no entanto, correu, e corre, com os pequenos emprestadores que lhe emprestavam dinheiro através de Certificados de Aforro. Baixou as taxas de tal modo que saíram centenas de milhares de aforradores e foram aplicar o dinheiro nos bancos. A quem o Estado vai pedir dinheiro. E a quem paga juros mais altos que pagaria aos pequenos aforradores.

Por que é que isto acontece?

É muito estranha a relação entre Estado e bancos.
Já foi enterrado no BPN um tesouro imenso. Sem qualquer obrigação ou necessidade.
Quando, há meses, Sócrates criou um subsídio para os neo-nascidos, foi numa conta bancária que decidiu depositar esse subsídio. Para que aos 18 anos a criança lá tivesse um pequeno pecúlio para algo necessário, estudos, por exemplo. Não se percebe porque não criou esse subsídio na Junta de Crédito Público, em certificados de aforro. Onde estaria, protegido pelo Estado que deu o dinheiro. Assim, pelo que eu conheço dos bancos e das inúmeras taxas que inventam para serviços imaginários, quando chegar aos 18 anos a criança não terá lá nada. Tudo terá sido ratado por taxas. No pior dos cenários, estará mesmo em dívida para com o banco. Veremos!

Por que é que o Estado ama os bancos? Porque lhes fornece milhões e maneiras de os obter? Que os resultados trimestrais bem reflectem.

Ora bem! Penso que a resposta está nesses resultados. Os dividendos são distribuídos pelos que detêm acções. Há uma relação simbiótica entre os decisores do Estado e os bancos. Eu ajudo-te e tu ajudas-me. Eu arranjo-te maneiras de sacar dinheiro e tu devolves-me em resultados trimestrais. Eu faço com que o Estado te peça dinheiro para colmatar a dívida pública e te pague juros, e tu pagas-me dividendos.
É uma máquina automática de desapossar os cidadãos, a favor de ambos. Não?

posted by perplexo  # 21:08

20.1.10

Best of... Janeiro de 2009 


Grito e choro por Gaza e por Israel

(Copiado do blog do Professor Fernando Nobre, da AMI)

Há momentos em que a nossa consciência nos impede, perante acontecimentos trágicos, de ficarmos silenciosos porque ao não reagirmos estamos a ser cúmplices dos mesmos por concordância, omissão ou cobardia.

O que está a acontecer entre Gaza e Israel é um desses momentos. É intolerável, é inaceitável e é execrável a chacina que o governo de Israel e as suas poderosíssimas forças armadas estão a executar em Gaza a pretexto do lançamento de roquetes por parte dos resistentes (“terroristas”) do movimento Hamas.



Importa neste preciso momento refrescar algumas mentes ignorantes ou, muito pior, cínicas e destorcidas:

- Os jovens palestinianos, que são semitas ao mesmo título que os judeus esfaraditas (e não os askenazes que descendem dos kazares, povo do Cáucaso), que desesperados e humilhados actuam e reagem hoje em Gaza são os netos daqueles que fugiram espavoridos, do que é hoje Israel, quando o então movimento “terrorista” Irgoun, liderado pelo seu chefe Menahem Beguin, futuro primeiro ministro e prémio Nobel da Paz, chacinou à arma branca durante uma noite inteira todos os habitantes da aldeia palestiniana de Deir Hiassin: cerca de trezentas pessoas. Esse acto de verdadeiro terror, praticado fria e conscientemente, não pode ser apagado dos Arquivos Históricos da Humanidade (da mesma maneira que não podem ser apagados dos mesmos Arquivos os actos genocidários perpetrados pelos nazis no Gueto de Varsóvia e nos campos de extermínio), horrorizou o próprio Ben Gourion mas foi o acto hediondo que provocou a fuga em massa de dezenas e dezenas de milhares de palestinianos para Gaza e a Cisjordânia possibilitando, entre outros factores, a constituição do Estado de Israel..


- Alguns, ou muitos, desses massacrados de hoje descendem de judeus e cristãos que se islamisaram há séculos durante a ocupação milenar islâmica da Palestina. Não foram eles os responsáveis pelos massacres históricos e repetitivos dos judeus na Europa, que conheceram o seu apogeu com os nazis: fomos nós os europeus que o fizemos ou permitimos, por concordância, omissão ou cobardia! Mas são eles que há 60 anos pagam os nossos erros e nós, a concordante, omissa e cobarde Europa e os seus fracos dirigentes assobiam para o ar e fingem que não têm nada a ver com essa tragédia, desenvolvendo até à náusea os mesmos discursos de sempre, de culpabilização exclusiva dos palestinianos e do Hamas “terrorista” que foi eleito democraticamente mas de imediato ostracizado por essa Europa sem princípios e anacéfala, porque sem memória, que tinha exigido as eleições democrática para depois as rejeitar por os resultados não lhe convirem. Mas que democracia é essa, defendida e apregoada por nós europeus?


- Foi o governo de Israel que, ao mergulhar no desespero e no ódio milhões de palestinianos (privados de água, luz, alimentos, trabalho, segurança, dignidade e esperança ), os pôs do lado do Hamas, movimento que ele incentivou, para não dizer criou, com o intuito de enfraquecer na altura o movimento FATAH de Yasser Arafat. Como inúmeras vezes na História, o feitiço virou-se contra o feiticeiro, como também aconteceu recentemente no Afeganistão.


- Estamos a assistir a um combate de David (os palestinianos com os seus roquetes, armas ligeiras e fundas com pedras...) contra Golias (os israelitas com os seus mísseis teleguiados, aviões, tanques e se necessário...a arma atómica!).


- Estranha guerra esta em que o “agressor”, os palestinianos, têm 100 vezes mais baixas em mortos e feridos do que os “agredidos”. Nunca antes visto nos anais militares!


- Hoje Gaza, com metade a um terço da superfície do Algarve e um milhão e meio de habitantes, é uma enorme prisão. Honra seja feita aos “heróis” que bombardeiam com meios ultra-sofisticados uma prisão praticamente desarmada (onde estão os aviões e tanques palestinianos?) e sem fuga possível, à semelhança do que faziam os nazis com os judeus fechados no Gueto de Varsóvia!


- Como pode um povo que tanto sofreu, o judeu do qual temos todos pelo menos uma gota de sangue (eu tenho um antepassado Jeremias!), estar a fazer o mesmo a um outro povo semita seu irmão? O governo israelita, por conveniências políticas diversas (eleições em breve...), é hoje de facto o governo mais anti-semita à superfície da terra!


- Onde andam o Sr. Blair, o fantasma do Quarteto Mudo, o Comissário das Nações Unidas para o Diálogo Inter-religioso e os Prémios Nobel da Paz, nomeadamente Elie Wiesel e Shimon Perez? Gostaria de os ouvir! Ergam as vozes por favor! Porque ou é agora ou nunca!


- Honra aos milhares de israelitas que se manifestam na rua em Israel para que se ponha um fim ao massacre. Não estão só a dignificar o seu povo, mas estão a permitir que se mantenha uma janela aberta para o diálogo, imprescindível de retomar como único caminho capaz de construir o entendimento e levar à Paz!


- Honra aos milhares de jovens israelitas que preferem ir para as prisões do que servir num exército de ocupação e opressão. São eles, como os referidos no ponto anterior, que notabilizam a sabedoria e o humanismo do povo judeu e demonstram mais uma vez a coragem dos judeus zelotas de Massada e os resistentes judeus do Gueto de Varsóvia!

Vergonha para todos aqueles que, entre nós, se calam por cobardia ou por omissão. Acuso-os de não assistência a um povo em perigo! Não tenham medo: os espíritos livres são eternos!



É chegado o tempo dos Seres Humanos de Boa Vontade de Israel e da Palestina fazerem calar os seus falcões, se sentarem à mesa e, com equidade, encontrarem uma solução. Ela existe! Mais tarde ou mais cedo terá que ser implementada ou vamos todos direito ao Caos: já estivemos bem mais longe do período das Trevas e do Apocalipse.

É chegado o tempo de dizer BASTA! Este é o meu grito por Gaza e por Israel (conheço ambos): quero, exijo vê-los viver como irmãos que são.

8.1.10

A necessidade aguça o engenho 


Junto à estação de Metro do Senhor Roubado, existe um parque de estacionamento. É muito útil. Todas as estações dos subúrbios deviam estar servidas por um. As autarquias e o Metro teriam interesse nestes parques grátis, que a existirem, retiram carros da grande cidade e dos seus acessos e põem as pessoas a andar de Metro.

Infelizmente, só a pressão dos utilizadores faz com que sejam grátis, que muitas tentativas tem havido de fazer bonitos e ineficazes parques, a pagar.

Este do Senhor Roubado não é excepção. Foi concebido para pagar: largas alamedas, extensos espaços “verdes” entre essas alamedas. Resultado: como a pressão automobilística fez gorar a intenção economicista, o estacionamento faz-se gratuitamente. E caoticamente. Como as alamedas são largas (uns seis ou sete metros), logo os espertos estacionam na faixa central, infernizando os aparcamentos e desaparcamentos regulares. Geralmente, resta ao automobilista civilizado um intervalo de cerca de 2 metros para passar e virar para o lugar de estacionamento. E os espaços “verdes” lá estão em terra e ervas daninhas.
Um parque “pensado” não pode ter alamedas tão largas. Não deve dar ensejo a que alguém estacione atrás doutro carro, muito menos a meio da via. Seis metros de largura de via é um exagero causador de problemas; três metros parece-me suficiente.

Apesar destes aproveitamentos espertos, o parque esgota cedo. A partir das 9,30–10 horas, está esgotado. Os que chegam cedo, estacionam bem; os outros onde conseguem.
E são espantosos os recursos imaginativos dos espertos. Estacionam no buraco da agulha perdida no meio do palheiro.

Vejam onde e como estacionou este – de roda no ar.
Ao longo do dia, saem poucos e entram poucos. A partir das 17 horas, começa a haver lugares normais. Pelas 21–22 horas, já só restam estacionados os últimos que chegaram e que estacionaram de forma caótica. Então, o parque parece ser o lugar onde um bando de artistas loucos resolveu fazer uma instalação, que tenha rejeitado e deixado vagos inúmeros lugares normais, e tenha preferido estacionar em pontos e em posições improváveis.

7.1.10

Casamento gay – alguém sai prejudicado? 


No mês passado, a Assembleia da República agendou uma lei sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Além de uma crítica velada do Presidente Cavaco, dizendo que se preocupava era com os desempregados, desenvolveu-se, entretanto, um movimento que reuniu e entregou no Parlamento 90.000 assinaturas a pedir um referendo sobre a questão.

É curioso. Na verdade, talvez fosse o momento de se preocuparem com os desempregados.

Para mim, tanto me faz que seja a Assembleia da República a legislar sobre a questão ou que a decisão seja tomada por referendo. Para mim, todas as decisões poderiam ser tomadas por referendo – as facilidades informáticas isso possibilitariam – infelizmente, isso não acontece, que eu bem gostaria de me pronunciar sobre a decisão de aplicar mais de 2.500 milhões de euros no sorvedouro do BPN. Na altura, nem depois, não vi um movimento com 90.000 assinaturas a pedir um referendo sobre esse desgoverno.

Enquanto não forem os cidadãos a decidir sobre os principais aspectos da governação, não alterem as regras do jogo, referendando, pontualmente, aqueles aspectos que são indigestos para uma banda do Parlamento.

Não sei o que os preocupa. A Igreja nem se devia pronunciar que não se trata de casamentos pela Igreja. É um assunto doutro departamento. Nenhuma outra instituição se deve pronunciar, que é um assunto de âmbito individual. Que interessa a alguém, que dois tipos se casem, ou duas fulanas se casem, desde que sejam adultos imputáveis? O que é que isso interfere com as instituições e o Estado? Fica o Estado defraudado por dois anteriores solteiros apresentarem IRS conjunto? Minimamente.

Por mim, não vejo que alguém saia prejudicado. Por que, então, a resistência?
Que fantasmas se querem exorcizar?

Há quem se preocupe dizendo que pode ser uma moda passageira, como as tatuagens. E que fosse? Também só agora é que há tantas outras coisas para as quais se fazem leis. Quando acabarem, desfazem-se, se necessário.
Eu também não sei se a homossexualidade é genética ou cultural, mas, actualmente, é uma realidade extensa, além de ter uma existência comprovada ao longo dos milénios. Ostracizá-la provoca grande penosidade psíquica e económica para os discriminados. Que o Estado, com uma simples decisão que nada lhe vai custar, possa diminuir essa penosidade, é de saudar, que de decisões contra os cidadãos estamos já todos pelos cabelos.

P.S. (8/1): Com esta aprovação, alguns sectores (os mesmos do abaixo-assinado?) levantam a questão da adopção de crianças por casais do mesmo sexo, aspecto que lhes suscita as reacções mais alarmistas. Tais reacções derivam, parece-me, da confusão abusiva entre homossexualidade e pedofilia.
Não há qualquer prevalência de homossexuais entre os pedófilos. A maioria dos casos lamentáveis de abuso de crianças acontece em famílias heterossexuais.

A família heterossexual não consegue adopções automáticas por ser heterossexual. Os técnicos da Segurança Social é que fazem a avaliação. A eles caberá avaliar os eventuais casais homossexuais candidatos a adopção. A maneira como uma criança é recebida num lar, não depende da orientação sexual do agregado familiar, mas das características sócio-afectivas dos seus membros. São essas que os técnicos avaliarão e sobre as quais decidirão. Não faz sentido ser o Parlamento a decidir por grosso que as famílias homossexuais não têm condições sócio-afectivas para adoptar. Ponto.

3.1.10

Bom ano! – com tudo o que isso significa… 


Em todos os inícios de Janeiro, as pessoas desdobram-se em votos disto e daquilo, para o novo ano. Nunca como agora me pareceu que estes votos coincidem com pedidos a entidades sobrenaturais, para que interfiram na história humana e a façam corresponder aos objectivos dos orantes. Se estas entidades não existirem, estes pedidos tornam-se exercícios bizarros e ridículos. A existirem, correspondem a tentativas de manipulação mesquinhas e interesseiras. Mesmo quando se trata de votos de interesse geral para a espécie humana – casos raros – denunciam a impotência e/ou a preguiça dos orantes para fazerem a sua quota-parte de esforço na direcção desse objectivo. Em qualquer dos casos, devem ser evitados, se não corresponderem a um compromisso pessoal de perseguir o objectivo pretendido. Mas para isso, é preciso acção.

Então, os votos para o novo ano fazem sentido se o “votante” os entender como OBJECTIVOS aos quais possa acrescentar um contributo, e se decidir a fazer o esforço.

Neste sentido, seria natural que se acumulassem os votos de aperfeiçoamento pessoal e rareassem os votos de melhoramento geral, que esses dependem de muita gente e os progressos são quase insignificantes.

A ignorância endémica e a preguiça pessoal são alguns dos entraves ao progresso civilizacional da humanidade. De ambas devo acusar José Alberto Carvalho, que hoje no Telejornal, introduziu um fait-divers em que uma criança nasceu a 31 de Dezembro e a sua gémea a 1 de Janeiro – «em décadas diferentes» – dizia o “tenrinho”. (Oh, “my god”, será que a Bocas tem razão?). A Sic teve o bom senso de chamar um matemático a esclarecer a questão (enfim, um historiador seria mais correcto), mas JAC não sentiu essa necessidade. Acrescentou, assim, mais certeza aos desinformados. Triste serviço!

Eis, pois, o meu pequeno contributo para o novo ano – lançar a dúvida se 2009 e 2010 pertencem a décadas diferentes. Se alguém sentir utilidade em se esclarecer, faça um pequeno esforço e pesquise. Este blog já perorou bastante sobre o assunto…

Comments:
Nunca pares de perorar os assuntos!
Deves perorar e voltar a perorar e tornar a reperorar!
 
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