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Universos Assimétricos

Uma História de Agressão

30.3.07

Columbano 



No Museu do Chiado está, até 27 de Maio, uma exposição de 78 obras (até 1900) de Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929), comemorativa dos 150 anos do seu nascimento. A exposição está estruturada em 6 núcleos representativos das várias fases artísticas do pintor, bem enquadrados por textos explicativos.
Habituado a considerar Columbano um pintor académico (talvez pelos tons escuros da sua pintura) fui surpreendido ao saber que «Columbano era considerado por alguma crítica, em Portugal, como o mais radical dos pintores modernos».
Quase todas as pinturas têm também um apoio de texto, muito útil e muito agradável, que o público actual quer saber mais do que está a ver, para além do deleite estético da contemplação das obras expostas.
Bem!

posted by perplexo  # 02:51
Comments:
guardei umas coisas que gostava de ter sido eu a escrever nos meus tesouros e deixo o meu obrigada
 
Olá!

Apesar de pintora, não sabia desta exposição. Obrigada pela informação. Vou vê-la.

Então lá nos encontraremos no jantar.

Um beijinho e até lá!
 
O teu gesto e o teu comentário, Seilá, equilibram todas as deslinkagens com que às vezes sou brindado. Obrigado!
Até lá, Dad!
Bjs
 
Texto mais chamativo do que a reportagem a que assisti ontem na RTP 2 pelo Prof. José Hermano Saraiva. Segundo a sua perspectiva, Columbano foi um grande retratista fundamentando a sua opinião ao comparar a luz emitida pelos retratos e o quadro "Camões e as Tágides". Espero que esta exposição seja exibida aqui no Porto, adoraria vê-la. Agradeço as explicações do teu texto.
Um abraço e uma feliz Páscoa
 
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28.3.07

Testando os limites 


Há dias, o Irão prendeu 15 soldados da Marinha Britânica, no Golfo Pérsico, na zona de fronteira marítima entre o Irão e o Iraque, sob a acusação de terem invadido espaço iraniano. Os ingleses irritaram-se argumentando que estavam em espaço iraquiano.

Comentários:
- O que os ingleses não tiveram lata de argumentar foi que estivessem em território inglês.
- Os ingleses, no entanto, têm a lata de invocar a Convenção de Genebra. Ao menos estes 15 ingleses estão bem tratados e sabem de que são acusados, ao contrário dos presos que apodrecem em Guantánamo que ainda não sabem de que são acusados.
- Quem dizia que o Iraque tinha armas tão perigosas como as que a Inglaterra tem e, verificando que não tem, se mantém a ocupá-lo, que credibilidade merece?

Comments:
Lata não lhes falta, tiveram foi vergonha.
Os ingleses estranharam a acusação, pois o caso era só uma questão fronteiriça mal definida. Naquelas terras, nunca se tem a certeza que terreno se pisa.
Claro que é lógico, se não tinham as tais armas, há que ficar para negociar a sua aquisição. É tudo uma oportunidade de negócio.
Um abraço. Augusto
 
Imagino os pinotes de indignação que não dava se os britanicos tivessem capturado 15 persas em trangressão
 
Eh! eh! É boa.
Mas não creio que desse pinotes, antes lamentaria a estupidez de dar o flanco a um invasor de países. Só podia ser um desnorte de persas viajantes no tempo a fazerem-se passar por iranianos...
 
Vá lá, seja honesto, bastaria um só soldado para o pôr fora de si
 
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27.3.07

Viana do Allentejo 


Viajar para Viana do Alentejo saindo da auto-estrada em Alcácer do Sal e seguindo pela ligação mais directa foi um erro. A sinalização impunha 20 km por hora mas em dezenas ou centenas de pontos tive que fazer gincana mais lentamente senão parar mesmo. Devo ter demorado uma hora para ir de Alcácer a Alcáçovas.


Ia à procura do Castelo de Viana do Alentejo pelo qual o Prof. José Hermano Saraiva me tinha excitado a curiosidade há tempos. Infelizmente, o castelo está fechado para obras de recuperação e só pude vê-lo por fora. A ele e à igreja que abriga que merecerá visita.


Viana é uma vila alentejana com as suas casas baixas e semelhantes mas, como todas as outras, tem, para além do castelo, vestígios arquitectónicos de passados prósperos e apontamentos interessantes aqui e acolá, para quem se demorar a explorar as suas ruas. Eu deparei-me com uma fonte e uma janela renascentistas, um convento de freiras Jerónimas (!?) arruinado, uma fonte aprazível abaixo do nível do solo, além de outros pormenores.


A uns 2 quilómetros existe uma igreja que tem sido, ao longo dos tempos, centro de romarias, qual Virgem del Rocio na Andaluzia, devido à devoção e à fama milagreira desta N. Sra. de Aires.


Tem, no seu interior, várias salas com as paredes forradas de ex-votos de todas as épocas. É impressionante. Alguns são bastante antigos.


Mais recentemente aumentou o ritmo de deposição de ex-votos, cujos fiéis pedem e agradecem graças para si e para os seus. Lá se vai agradecer uma cura, ou pedir felicidades para um casamento recente, ou boa sorte para todo o tipo de situações humanas.


As que mais me impressionaram foram os pedidos pelos soldados que combatiam no antigo Ultramar. Lá aparecem os, às vezes, imberbes jovens vestidos de militares que eram a preocupação de mães, namoradas e avós. Mas, ironia não percebida numa sociedade que considerava seus os territórios ultramarinos, esses jovens soldados mostram-se, a pedir protecção à Virgem, nas poses mais guerreiras que o seu brio conseguia.


A caminho de outra localidade, uma declaração de amor com vários metros na altura das letras, que o ser amado não pode ignorar. Um graffiti alentejano :)


Comments:
É só passeio !!!! :-)
Beijinhos
 
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20.3.07

Luto pelo Iraque 


Faz hoje 4 anos que os Estados Unidos e os seus vassalos invadiram o Iraque provocando, desde então, a morte de várias centenas de milhares de pessoas. Há cerca de quatro meses uma organização independente apontava para 650.000 mortos, ontem um canal de televisão apontava para um milhão de mortos. Um milhão escreve-se 1.000.000. Um milhão são mil conjuntos de mil. Mil é o número de habitantes de uma aldeia média. Agora imaginem todos os habitantes de mil aldeias mortos.

Imaginem que cada um dos caracteres de que é feito este blog é um morto. Esta letra é um homem morto, aquela é uma mulher morta, aquela vírgula é uma criança esfacelada, uma palavra é uma família chacinada. Este post tem várias linhas. Imaginem os mortos alinhados uns ao lado dos outros. Este post tem cerca de 1400 mortos. Equivale a apenas 1 ou 2 semanas de mortos no Iraque. Experimenta agora, visitante, puxar a barra lateral para veres todas as letras alinhadas umas ao lado das outras até ao fundo da página deste blog. Já viste que são tantos, tantos, tantos mortos? Será possível que os mortos no Iraque sejam tantos? Até ao fim desta página deste blog existem «só» cerca de 78.000 mortos. Seria preciso percorrer umas 13 páginas iguais a esta para termos uma ideia do que são 1.000.000 de mortos. É quase impossível imaginar tantos mortos.

Esta chacina não pode ficar impune. Bush tem que ser julgado, os americanos têm que ser responsabilizados. Pelo menos metade dos eleitores americanos tem as mãos sujas de sangue iraquiano. É preciso que sintam na pele algum desconforto para que não continuem a enviar por esse mundo fora, ano após ano, década após década, hordas de assassinos a matar povos pacíficos.

Comments:
Novo jantar de Primavera, dia 14 de Abril, na Parede. Inscrições no sítio do costume!
Beijinhos
 
Com tanta mortandade até fiquei mal disposto, apetecia-me vomitar em cima do Bush.
Um abraço. Augusto
 
Nem que fosse um seria uma tragedia, mas a hipotese de 650 000 mortos está francamente descredibilizada. Nem tal numero faz sentido algum. 500 mortos por dia? A principal ceifeira tem sido o terrorismo, e mesmo esse, embora os numeros sejam de arrrepiar, não tem morto mais do que 50 pessoas por dia
 
Concordo com DLM. 50 mortos por dia, o que é isso? Ridículo! Ainda por cima nem sequer os conhecemos... São números, nada mais que números. E os números para que servem? Quando muito para as estatísticas. Mesmo estas serão depois questionadas, como aconteceu no Holocausto.
 
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18.3.07

Mundo assimétrico 


Saldo Negativo

Dói muito mais arrancar um cabelo de um europeu
que amputar uma perna, a frio, de um africano.
Passa mais fome um francês com três refeições por dia
que um sudanês com um rato por semana.

É muito mais doente um alemão com gripe
que um indiano com lepra.
Sofre muito mais uma americana com caspa
que uma iraquiana sem leite para os filhos.

É mais perverso cancelar o cartão de crédito de um belga
que roubar o pão da boca de um tailandês.
É muito mais grave jogar um papel ao chão na Suíça
que queimar uma floresta inteira no Brasil.

É muito mais intolerável o xador de uma muçulmana
que o drama de mil desempregados em Espanha.
É mais obscena a falta de papel higiénico num lar sueco
que a de água potável em dez aldeias do Sudão.

É mais inconcebível a escassez de gasolina na Holanda
que a de insulina nas Honduras.
É mais revoltante um português sem telemóvel
que um moçambicano sem livros para estudar.

É mais triste uma laranjeira seca num kibutz hebreu
que a demolição de um lar na Palestina.
Traumatiza mais a falta de uma Barbie de uma menina inglesa
que a visão do assassínio dos pais de um menino ugandês

e isto não são versos; isto são débitos
numa conta sem provisão do Ocidente.

Fernando Correia Pina

(recebido por mail)

Comments:
Verdade nua e crua, é mesmo isso que acontece. Infelizmente.
 
Curioso, irónico e revelador de quanto o mundo não é como é mas como nós o vemos.
Agora, quem constrói o filtro através do qual o interpretamos - préviamente a ser nós próprios a re-inventar o mundo - é que possui uma responsabilidade e poder acrescidos.

Poema (ou débito) muito significativo
 
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12.3.07

À solta 

Na grande cidade vive-se mais isolado, quer fechado dentro da sua casa quer interagindo apenas através do mero contacto electrónico. A província permite, geralmente, uma vivência colectiva que os grandes centros, paradoxalmente, inibem. Até nas pequenas povoações é frequente haver grupos inter-etários que dinamizam a população e especialmente a juventude para actividades lúdicas e formativas que se constituem como alternativa aos alienantes videojogos, às telenovelas, à Internet ou ao futebol. O teatro, a música, a dança, são algumas dessas actividades de eleição que entusiasmam quem faz – participantes e familiares – e deleitam quem assiste. E que assim aumentam a qualidade de vida.

Comments:
Isso não é vida de Lisboeta isso é vida de cromo, dirão os espertalhões de copo na mão e charro ao canto da boca, gingando ao sabor do batuque.
Um abraço. Augusto
 
Também nas cidades existem essas alternativas. Conheço algumas.
Beijos.
 
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7.3.07

Arranca! 


A RTP faz hoje 50 anos de emissões regulares. A importância dum meio de comunicação que pela primeira vez transmite imagem e se mantém único durante 35 anos é incalculável. Sem ele as nossas lembranças seriam muito diferentes. Para o bem e para o mal, formatou-nos a todos. Foi madrasta e foi mãe, quer para os que produziram, quer para os que consumiram.
Hoje, inaugura um conjunto de estúdios construídos de raiz para produção de televisão, o que era uma promessa tão velha como a própria RTP: Os estúdios do Lumiar, que agora ficam desactivados, começaram a ser utilizados como solução temporária, mas que acabou por durar 50 anos.
A produção de televisão é muito ingrata. Envolve grandes meios técnicos e humanos, custa muito dinheiro, exige muito esforço e fica cumprida, consumida, desactualizada, em poucos minutos. É uma produção de efémeros.
Transcrevo a seguir um texto que o Operador de Câmara da RTP JC Duarte escreveu em 1980, que reflecte, sem muito exagero, as dificuldades técnicas e as perplexidades organizativas que enfrentava quem produzia televisão naquela época.


UMA PEÇA EM TELEVISÃO À PORTUGUESA

Personagens:
- Uma equipa técnica
- Uma equipa de realização
- Uma companhia de teatro
- Figurantes vários

Cenário:
- Um estúdio de televisão

I acto

Realizador – Veja se já podemos tirar testes para ensaiarmos.
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Já podemos tirar testes? Não? Só mais dez minutos? Tá bem! Nós esperamos.

(20 minutos mais tarde)

Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Já podemos tirar os testes? Já? Óptimo (Desliga o telefone) A VT está pronta.
Realizador – Meus senhores, vamos ensaiar. Mete a 1! 2! 3! Mixing à 2! 1! Pára! Câmara 2: nesta altura o plano tem que ficar mais aberto para acompanhares o actor. Certo? Bom! Recomecemos. Mete a 1! 2! 1! 3! Mixing à 2! 1! 2! Não! Esperem! Aqui não pode ser a 2. Câmara 3: Neste plano vais um pouco mais à esquerda e enquadras os actores. Isso! Recomecemos. Mete a 1! 2! 1! 3! Mixing à 2! … 3! 2! Fade out! Está pronto! Vamos gravar! Manda arrancar a VT!
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Arranca!... Já está! Atenção à claquete! Take 1, 1ª vez! Atenção às ven­toinhas!
Realizador – Tira claquete! Mete a 1! 2! 1! 3! Mixing à 2! 1! 3!... 2! 1! 2! Então! A campainha não toca? O que se passa?
(Voz do assistente vinda do estúdio) – Deve estar avariada...

Era um fio solto! Já está pronta.

Realizador – Bom! Manda arrancar a VT! Ela que apague!
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Apaga e arranca! … Já está? Atenção cla­quete: take 1, 1ª vez! Atenção ventoinhas!
Realizador – Tira claquete! Mete a 1! 2! 1! 3! Mixing à 2! 1! 3!

(Triim! Triim! Triim!)

Anotadora – Sim? Como? Os níveis de áudio estão a chegar muito baixos? Só um momento? (Para o opera­dor de som) A VT queixa-se que os níveis chegam muito baixos! Propõem que mudes de via para lá.
Operador de som – Bom! Vou ver o que posso fazer.

(10 minutos mais tarde)

Operador de som – Pergunte à VT se os mil ciclos já estão a chegar em boas condições, por favor.
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Perguntam se os mil ciclos já estão a chegar em condições... Estão? Bom, então arranca. Atenção claquete: take 1, 1ª vez! Atenção ventoi­nhas!
Realizador – Tira claquete! Mete a 1! 2! 1! 3! Mixing à 2! 1!
Actor A – BLÁ! BLÁ! BLÁ! BLÁ!
Actor B – BLÁ BLÁ BLÉ... Pára! Pára! Enganei-me no texto. Podemos recomeçar?
Realizador – Sim! Sim! Manda apagar e arrancar a VT.
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Apaga e arranca! … Já está? Atenção claquete: take 1, 1ª vez! Atenção ventoinhas!
Realizador – Tira claquete! Mete a 1! 2! 1! 3! Mixing à 2! 1! 3! 1! 2!... Então? … O que é lá isso? Manda parar a VT! Câmara 3: cuidado com esse avanço que entraste no campo da 2! Atenção a isso, heim! Apaga e arranca a VT!
Anotadora – (Triim! Triim!) Apaga e arranca!... Já está? Atenção claquete: take 1, 1ª vez! Atenção ventoinhas!
Realizador – Tira claquete! Mete a 1! 2! 1! 3! Mixing à 1! 2! 3! Mas … Que é isto? Quem foi o idiota que abriu a porta do fundo? Não sabem que não podem abrir aquela porta? Façam favor de fechar a porta atrás do ciclorama. (Para a Anotadora) – Manda apagar e recomeçar.
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Apaga e arranca! Já está? … Atenção claquete: take 1, 1ª vez! Atenção ventoinhas!
Realizador – Tira claquete! Mete a 1! 2! 1! 3! Mixing à 2! 1! 3! … 3! 2! Fade out! Manda parar, que vamos ver!
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Pára e passa para vermos!

(Decorre o visionamento)

Realizador — Meus senhores: vamos gravar outra vez! Manda arrancar a VT!
Anotadora— (Triim! Triim!) VT? Arranca! Já está?... Atenção claquete: take 1, 2ª vez! Atenção ventoinhas!
Realizador — Tira claquete! Mete a 1! 2! 1! 3! Pára! Pára! Áudio: Entrou a girafa! Não se pode evitar isto? Caramba! Já estamos mais que atrasados!
Operador de som — Bom, eles estão a falar realmente baixo, mas vamos ver o que podemos fazer.
Realizador — Manda apagar e arrancar!
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Apaga e arranca! Já está? … Atenção claquete: Take 1, 2ª vez! Atenção ventoinhas!
Realizador – Tira claquete! Mete a 1! 2! 1! 3! Mixing à 2! 1! …

(Triim! Triim!)

Anotadora –Sim! Como? A máquina avariou? Tá bem! Nós esperamos. (Para o Realizador) – A VT entupiu, temos que esperar!
Realizador – Meus senhores: A Videotape avariou! Vamos aproveitar esta pausa para um intervalo de meia hora. Recomeçamos às 4 e meia em ponto.

(Às 16.45)

Realizador – Veja se a VT já está pronta.
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Podemos come­çar? Podemos? Óptimo! Só um momento! Podemos arrancar!
Realizador – Então que arranque!
Anotadora – Apaga e arranca. Já está? Atenção claquete: take 1…
Voz do assistente — Só um momento que um dos câmaras foi levantar senhas e ainda não voltou! Parece que há uma grande fila.
Anotadora – VT? Temos que esperar mais um pouco.

(Quinze minutos mais tarde)

Voz do Assistente – O estúdio está pronto.
Realizador (Para o microfone de ordens) – Então isto é que são horas de se voltar de um intervalo? Sabe que temos estado à sua espera?
Voz do Operador – Pois sim, desculpe, mas sabe que hoje é o último dia para se levantar as senhas e es­tava lá uma fila enorme. Sabe como estas coisas são....
Realizador – Pois sim. Manda arrancar a VT.
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Podes arrancar! Já está? … Atenção claquete: take 1! 2ª vez! Atenção ventoinhas!
Realizador – Tira claquete! Mete a 1! 2! 1! 3! Mixing à 2! 1! 3! 1! 2! Abre um pouco! Abre 2! 1! Câmara 2, abre o plano! 3! Câmara 2, está a ou­vir? Abre! 3! Não! PÁRA!... O que é que se passa? Como? Tem os auscultadores avariados? Chefe de equipa! Providencie para que a câmara 2 tenha uns auscultadores a funcionar! Que raio de casa esta, heim! Manda parar a VT!
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Pára!

(Quinze minutos mais tarde)

Realizador – Já tem os auscultadores? Óptimo! Meus senhores: vamos recomeçar. Manda arrancar a VT!
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Apaga e arranca! Já está? Atenção claquete: take 1, 2ª vez. Atenção ventoinhas!
Realizador – Tira claquete! Mete a 1! 2! 1! 3! Mixing à 2! 1! ...3! 2! Fade out ! Manda parar a VT! Vamos ver.
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Pára! Vamos ver. Sim?

(Decorre o visionamento)

Realizador – Vamos ensaiar o take 2! (desce ao estúdio)

(20 minutos mais tarde)

Realizador – Meus senhores: Vamos gravar!
Iluminador – Ainda não! Como é um novo cenário, ainda não tenho a luz pronta. É só mais um pou­co.
Realizador – Então vamos depressa, que já estamos atrasados.

(Quinze minutos mais tarde)

Iluminador – Estamos prontos!
Realizador – Até que enfim! Manda arrancar a VT!
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Arranca! Já está?... Atenção claquete: take 2, 1ª vez Atenção ventoinhas!
Realizador – Tira claquete! Fade in à 2! 1! 3! Mixing à 1! Mixing à 2! 3! 2! 1!
Som – Está alguém a martelar no estúdio. Temos que parar!
Realizador – Assistente, vê que barulho é esse. Estamos a gravar, bolas!

(Cinco minutos depois)

Assistente – Era lá fora. Prometeram não martelar mais.
Realizador – Bom. Manda arrancar a VT.
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Apaga e ar­ranca!
Som – Esperem um momento que está a passar um avião.
Anotadora – Está VT? Não arranques!
Realizador – Pronto, já passou. A VT que ar­ranque.
Anotadora – VT? Arranca! Atenção claquete! Atenção ventoinhas!
Realizador – Tira claquete! Fade in à 2! 1! 3! Mixing à 1!

(Neste instante entra um se­nhor, extraordinariamente bem vestido, com um sorriso primoroso, acompanhado de uma trupe de crianças, em visita de estudo aos estúdios)

Realizador – 2! 1! Mas... Mas... Que é isto? PÁRA! PÁRA! Manda parar a VT! Então isto é que são horas de se visitar um estúdio?
Senhor bem vestido – Como lá em baixo me disseram que estavam em ensaio, eu pensei...
Realizador – Claro! Que não incomoda, não é assim? Pois agora que já incomodou, vejam à vontade! Nós es­peramos!

(Dez minutos mais tarde)

Realizador – Bom! Já não era sem tempo que se fossem! Arranca a VT!
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Apaga e arranca! Já está?... Atenção ventoinhas! Atenção claquete: ta­ke 2, 1ª vez!
Chefe de equipa – Desculpa, mas olha que estamos no fim do horário. Há pessoal que tem que se ir embora.
Realizador – Mas… Não me façam uma coisa dessas! São só mais cinco minutos! Olha que este take é pequeno!
Chefe de equipa – Eu não tenho problemas. O pior é que há uma pessoa lá em baixo, que tem que se ir embora. Só se o fores convencer.
Realizador – Realmente, falta tão pouco... Eu vou lá abaixo! Manda parar a VT.
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Pára!

(15 minutos de discussão mais tarde)

Realizador – Bom! Ele acedeu. Vamos ver se nos despachamos. Manda arrancar a VT!
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Apaga e arranca…
Controlo – Atenção à cara do actor! Está a transpirar. Tem a cara a bri­lhar muito!
Realizador – Manda parar a VT! CHAMEM A CARACTERIZAÇAO! JÁ DEVIAM TER VISTO ISTO! É SEMPRE À ÚLTIMA HORA QUE ESTAS COISAS ACONTECEM!
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Pára!

Voz do Assistente, dez minutos mais tarde — Já estamos prontos.
Realizador – Manda arrancar a VT.
Anotadora – (Triim! Triim!) VT? Apaga e arranca! Já está?... Atenção claquete: take 2, 1ª vez! Atenção ventoinhas!
Realizador – Tira claquete! Fade in à 2! 1! 3! Mixing à 1! Mixing à 2! 1! 3! 1!
Controlo – Atenção: A câmara 2 avariou! Está muito calor no estúdio!
Realizador – Está bem! 1, chega-te à esquerda! Mete a 3! 1! 3! Abre! 3! 1! 3! Fade out! Vamos ver.
Anotadora – (Triim! Triim) VT? Pára! Vamos ver.

(Decorre o visionamento)

Realizador – Meus senhores: acabaram os tra­balhos! Muito obrigado pela colaboração!

(Neste momento, entram na régie cinco pessoas, todas de bata branca e de esplêndido físico. Uma delas, que tem um estetoscópio ao pescoço, diz) – Meus amigos: Acabou o tratamento! Vamos todos voltar à enfermaria para dormirmos um rico soninho! Vamos?

Fim do I acto
*
II acto (Leia-se o I acto)

Comments:
Admito!
Já nem me lembrava deste em particular.
Em qualquer dos casos, actualize-se equipamento e vocabulário, troque-se teatro por noticiário, e continua actual, mais coisa, menos coisa!
Obrigado pela lembrança!
 
eu já agradeci o aviso? não? fica aqui e mais isto aqui
 
Saudades?
Um abraço. Augusto
 
Ufa!!!! Fiquei exausta em cheia de stress !! :-)
E agora diz-me, são os meus olhos que me enganam ou reconheço alguém?
 
lol, só de ler fiquei cansada e nervosa:) Muito bom!:)
beijos
 
Excelente!
 
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6.3.07

Cede-se 


Posição de carteiro, por motivos de saúde…


Comments:
Olá!
Eu ainda não fui "educado" pela TV (que naquele tempo era a RTP), mas a geração a seguir à minha já o foi.
E todas as demais!
Para o bem e para o mal.
Agora a Net aparece como uma nova educadora.
Mas o que faz mesmo falta é um bom professor e uns pais à maneira!

Obrigado pela sugestão do concurso literário.
Nunca concorri, mas vou analisar melhor as condições deste.
(não é preciso dizer que o Lenine e o Marx eram os maiores? ah ah ah)

Abraço
 
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4.3.07

Cartas de Iwo Jima 


Estou farto de filmes de sangueira. Bloody americans!

Comments:
agradecida! és o meu anjo da guarda ou o meu manager (credo como se escreve istO?!)E não é que estou mesmo a pensar nisso? assim me venha a inspiração rss
 
O que esperas de filmes americanos?
É sempre a mesma coisa, pode ter variações, de resto bate tudo no mesmo.
beijos
 
Um novo espaco de encontros e amizades com música, videochat, mapas, blogs, albuns de fotos, videoteca e noticias !
 
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3.3.07

Best of... Março de 2006 


«Mansinhos! E é se quiserem!»

É cada vez mais difícil encontrar bombas de gasolina onde o fornecimento seja assegurado por um empregado. Agora é o cliente que tem esse trabalho.

Em que é que isso foi útil ou vantajoso para o cliente? Em quase nada. O cliente é que tem o trabalho todo, fica com as mãos a cheirar a gasolina, e o preço do produto não baixou, apesar dessa redução de despesas.
Mas, ao menos, ganhou-se em rapidez, clareza de processos, lógica de consumo? Não. Cada vez há menos bombas em cada estação que funcione de modo regular. Uma, só serve para «Via verde», duas só com pré-pagamento, outra só com pagamento com cartão na bomba. E «o diabo a quatro». Os avisos destas situações especiais, quando existem, estão misturados com toda a parafernália publicitária. O cliente, mesmo que se aproxime com toda a atenção, corre o risco de ser apanhado por uma bomba «que não é». Depois, ou tenta recuar ou é obrigado a fazer o que não quer. Ou segue.

Às vezes, acerta. Mas, enquanto dantes não tinha que se preocupar com o lado do carro em que tem a portinhola do depósito, agora tem. O tamanho das mangueiras diminuiu. Não raras vezes, apesar de se encostar à bomba até quase lhe tocar, quando vai estender a mangueira esta não chega à boca do depósito. Lá volta ao calvário de recuar ou seguir.

Se afortunadamente consegue meter gasolina, quando vai pagar é obrigado a fazer um belo passeio pedestre. Tem que entrar numa loja cuja porta fica num extremo da loja e a caixa no outro. Às vezes chega a ter que andar 15 metros dentro da loja.
Não poderiam ter um guichet para o exterior? Podiam e têm, mas não permitem que se utilize de dia. Só de noite, por causa dos assaltos. Isto é, existe uma facilidade que não é utilizada, embora fosse muito menos penalizadora para o cliente. Só o interesse deles lhes interessa. O incómodo do cliente é-lhes indiferente. Interessa-lhes é que o cliente entre na loja e faça um circuito por entre as prateleiras de mercadorias para venda. Pode ser que se agrade de alguma coisa e faça mais despesa.

Todos estes entraves que as bombas de gasolina têm posto aos clientes parecem indicar que estão mais interessadas na venda interna da loja que na venda de gasolina. Tanto lhes faz que haja carros só dum lado das bombas ou que os carros, de quem anda às compras na loja, atravanquem as bombas e impeçam outros de meterem gasolina.
Se calhar apostam na paciência infinita dos clientes que, incautos, também não têm gasolina para chegar a outra bomba mais amigável.

Esta situação é vergonhosa e revoltante. Se há uma entidade reguladora, não tem evitado que o cliente seja penalizado desta maneira, sem necessidade.

Por mim, ainda tenho uma bomba com funcionários à ida e outra à vinda.

Comments:
Obrigada por me avisares. (Sem crise!!! )
Quem sabe, se não tento?
Beijinhos
 
Gosto dos teus posts como este onde criticas e denuncias.
Vai ser um caos!
beijos
 
Agradeço a dica, mas infelizmente não sou escritora nem poetisa:(
Só coloco poemas de outros e às vezes faço umas coisitas sem importância.
Obrigada na mesma:)
beijos
 
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